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Centro dos EUA diz que gripe suína pode ter atingido 100 mil no país

Folha Online

O vírus da gripe suína (A H1N1) chegou a 48 Estados americanos e está levando à internação de um número preocupante de jovens e atingindo mais escolas do que o comum para a gripe sazonal (comum) no fim da primavera no hemisfério norte, disseram autoridades de saúde dos Estados Unidos nesta segunda-feira. A doença pode ter atingido 100 mil pessoas no país, e os casos confirmados são apenas "a ponta do iceberg", disse em uma entrevista Anne Schuchat, especialista do CDC (Centro de Controle de Doenças), órgão responsável pela análise das doenças infecciosas nos EUA..

O subdiretor de uma escola em Nova York, que tinha problemas de saúde anteriores, morreu no fim de semana infectado pelo vírus, mas a doença tem efeitos mais leves na maioria dos casos. Segundo o CDC a doença, embora pareça não ser grave, está afetando um número desproporcional de crianças, adolescentes e adultos jovens.

Isso inclui pessoas que precisam ser internadas --cerca de 200 até agora. Segundo ela, os 5.123 confirmados pelo centro, os casos suspeitos e as seis mortes no país são apenas a parte visível de uma infecção que pode estar muito mais disseminada. O balanço mais recente da OMS (Organização Mundial de Saúde) registra 4.714 casos nos EUA, com quatro mortes.

"É muito incomum temos tantas pessoas com menos de 20 anos que necessitem de hospitalização, e alguns deles em [unidades de terapia intensiva]", disse Schuchat, chamando a atenção para a proximidade do verão, época que marca normalmente o fim da temporada de gripe. "Estamos enfrentando agora níveis de infecções assemelhadas à gripe que são mais elevados que o habitual para esta época do ano [...] Estamos também vendo surtos em escolas, o que é extremamente incomum para esta época do ano."

Indicado por Obama na semana passada para assumir a direção do CDC, o comissário de Saúde de Nova York, Thomas Frieden, tem a mesma preocupação.

"Estamos vendo um número crescente de pessoas procurando serviços de emergência dizendo ter febre e gripe, especialmente jovens na faixa etária de 5 a 17 anos," disse Frieden.

Cerca de metade de todos os casos de gripe diagnosticados nos EUA são da nova variedade do H1N1 conhecida como gripe suína, enquanto o resto é dos tipos influenza B, ou das variedades sazonais H1N1 e H3N2. A temporada de gripe nos EUA normalmente chega ao fim em maio, com as temperaturas aumentando na proximidade do verão no hemisfério norte.

Sobre a prevalência de casos em jovens, a especialista do CDC disse que não há uma explicação definitiva.

"Uma das nossas hipóteses é que adultos mais velhos podem ter alguma defesa pré-existente contra esse vírus, devido à sua exposição a alguns vírus que podem ser remotamente relacionados a ele", disse Schuchat.

Uma hipótese alternativa é que o vírus apenas não teve ainda a chance de atingir a população mais velha por fatores ambientais ou de comportamento.

Os vírus comuns da gripe estão ligados a 36 mil mortes por ano nos EUA, segundo o CDC, que informa que no mundo o número de mortes ligadas aos vírus variam entre 250 mil e a 500 mil por ano.

Nível de alerta

A OMS (Organização Mundial de Saúde) decidiu nesta segunda-feira manter o nível de alerta de pandemia no segundo patamar mais alto, o 5,. Conforme a OMS, não há como prever quanto tempo irá durar a atual fase da doença, mas ela ainda não caracteriza o grau 6, que indica pandemia (epidemia de vasto alcance).

O anúncio foi feito depois de Reino Unido, Japão, China e outros países terem pedido à organização que mude os critérios utilizados para declarar uma pandemia, estabelecidos após a gripe aviária. Os países defendem que esse alerta seja dado não conforme a velocidade com que o vírus se espalha e sim pela letalidade que ele apresenta. Os governos querem evitar os gastos econômicos, políticos e sociais do pânico que pode ser gerado em torno do alerta.

A preocupação sobre a elevação do nível de alerta aumentou depois que o governo japonês anunciou nesta segunda-feira 135 casos confirmados de gripe suína em todo o país, e as autoridades das áreas atingidas pelo vírus, no oeste, pediram a mais de 2.000 escolas que permanecessem com as portas fechadas.

O número de pessoas infectadas pelo A (H1N1) aumentou rapidamente desde sábado nos distritos vizinhos de Osaka e Hyogo (oeste), desde o anúncio da contaminação de um jovem de 17 anos da cidade de Kobe, em Hyogo, no primeiro caso de infecção local por gripe suína.

As autoridades avisaram que várias centenas de pessoas podem ter contraído o vírus, com a epidemia se propagando com rapidez nesta área densamente povoada.

Desde que o nível de alerta 5, de pandemia "iminente", foi declarado no dia 29 de abril, a OMS diz esperar provas da existência de um foco de transmissão autônomo, não ligado a viagens, em uma região que não seja o continente americano.

De acordo com a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, a principal preocupação, agora, é o risco de que o vírus da gripe suína se junte a outros vírus e fique mais perigoso. "Estamos em um momento de grande incerteza", disse.
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