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Notícias / Ciência & Saúde

Países-ilha trocam petróleo por coco, vento e sol contra mudança climática

G1

Os pequenos países do Pacífico, mais vulneráveis à elevação do nível dos mares, prometeram deixar de lado o diesel e outros combustíveis sujos apontados como responsáveis pelo aquecimento global e substituí-los por fontes limpas.

Com o uso de biocombustível de coco e painéis solares, Toquelau - território autônomo que consiste em três pequenas ilhas, entre a Nova Zelândia e o Havaí - planeja se tornar autossuficiente em energia este ano.

Líderes de outros pequenos Estados insulares ao redor do mundo assumiram compromissos durante um encontro esta semana, organizado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas e pelo governo de Barbados.

As Ilhas Cook e Tuvalu, no Pacífico, visam a obter toda a sua eletricidade de fontes renováveis a partir de 2020, enquanto São Vicente e Granadinas, no Caribe, pretendem chegar a extrair 60% de sua energia de fontes renováveis também em 2020.

O governo do Timor Leste se comprometeu a fazer com que nenhuma família em sua capital, Díli, use fogueiras pra cozinhar até 2015 e afirmou que metade da eletricidade do país será retirada de fontes renováveis até o fim da década.

"Sei que estabelecemos metas ambiciosas, mas é realmente animador", disse o premier das ilhas Cook, Henry Puna. "Não consideramos estes objetivos difíceis de alcançar. São muito inspiradores e nos motivam a avançar", acrescentou.

Energia renovável
Puna afirmou que quase 15% do orçamento da Nova Zelândia estão comprometidos com a importação de óleo diesel, o que ele chamou de "dependência incapacitante", e disse que essas dezenas de milhões de dólares deveriam ser gastas em serviços sociais, de saúde e educação para os aproximadamente 20 mil habitantes das 15 ilhas espalhadas por 2,2 milhões de km² no Pacífico.

O governo planeja começar a usar painéis solares e turbinas eólicas. Quase todas as casas já esquentam a água graças à energia solar. Os trabalhos começarão no ano que vem em Rakahanga, no setor norte do arquipélago, com ajuda do Japão. A Nova Zelândia deverá financiar a revolução energética nas ilhas do sul.

Segundo Puna, a mudança de matriz foi proposta durante a campanha pela reeleição em 2010. "Não percebemos, mas atingimos a consciência ambiental do nosso povo. A reação tem sido fantástica", acrescentou.

"Em algum lugar na nossa formação, somos um povo com consciência ambiental porque aprendemos a viver longe do continente e no meio do mar. Esse é o nosso legado, é a nossa tradição. Nós só estamos batendo nessa tecla novamente", acrescentou.

Na América do Norte e em muitos países europeus tem havido resistência a turbinas eólicas espalhadas pela terra e pelo mar. "Pode haver alguma nas ilhas Cook", disse Puna. "Mas penso que quando as pessoas perceberem e virem os benefícios destes instrumentos, não haverá muitos outros problemas", acrescentou.

Combustível fóssil
Estudos das Nações Unidas demonstram que as importações de petróleo respondem por até 30% do Produto Interno Bruto (PIB) em alguns países do Pacífico, com os preços influenciados pelas enormes distâncias que o combustível precisa percorrer.

Ministros reunidos no encontro desta semana se queixaram de que, apesar de suas "ações significativas" para ajudar a mitigar as mudanças climáticas, as ações internacionais têm sido "lentas e totalmente inadequadas", em vista da ameaça crescente que a elevação dos mares representa para os países insulares.

Sua declaração, adotada às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, pede que novas fontes de energia se tornem "acessíveis, disponíveis e adaptáveis", de forma a que todos os países insulares sob ameaça possam tomar medidas para se adaptar.
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