O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello confirmou o depoimento do bicheiro Carlinhos Cachoeira na CPI que leva seu nome no Congresso Nacional. O contraventor irá depor nesta terça-feira (22), às 14h, na comissão, mas há a expectativa de que ele fique calado.

Esta é a segunda vez que o ministro decide sobre o depoimento do bicheiro. No último dia 14 de maio, Celso de Mello permitiu que o bicheiro não fosse à CPI com o argumento de que ele não poderia falar sem que sua defesa tivesse acesso às provas que existem contra ele.

A decisão do ministro, desta vez, considerou o argumento dos integrantes da CPI, que protocolaram documento explicando que deram acesso total aos advogados na sala secreta do Senado Federal que guarda os inquéritos da Polícia Federal Vegas e Monte Carlo.

A defesa de Cachoeira também protocolou um pedido, tentando adiar o depoimento. Os advogados do contraventor argumentaram que tiveram acesso às provas na sala secreta, mas que o volume de documentos é grande e seria impossível de ser analisado em menos de três semanas.

Com a decisão de Celso de Mello, Cachoeira não deve se pronunciar na comissão, resguardado pelo direito de ficar calado. É o que disse a defesa dele na semana passada, depois de protocolar o pedido no STF e na CPI. Segundo a advogada Dora Cavalcanti, “não haveria outra opção diante do tempo".

— Analisar em quatro dias é o mesmo que nada. [...] Se eu disser que tive acesso real estarei mentindo. Nessa situação a postura dele não poderá ser outra [a não ser ficar calado].

Inquéritos

Na última sexta-feira (18), a advogada Dora Cavalcanti encaminhou o mesmo pedido feito ao STF para a CPI. Segundo ela, o documento pedia um prazo maior até o depoimento, já que foi permitido o acesso à sala secreta com os inquéritos da Polícia Federal na última quarta-feira (16), mas o volume das provas é enorme.

— Nós estivemos na sala secreta para entender a quantidade de informações que temos que analisar. Nos debruçamos nisso, mas são mais de 90 mil áudios e 15 mil páginas de inquérito que não conhecemos ainda. O direito assegurado é a efetiva consulta aos materiais e, depois disso, ainda temos que analisar e conversar a respeito com nosso cliente.

Depoimentos

Além de depor na CPI, Cachoeira ainda deve ir ao Conselho de Ética na próxima quarta-feira (23). Ele foi convocado para dar depoimento como testemunha de defesa do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).

Nos próximos dias, a CPI do Cachoeira também vai ouvir os principais nomes ligados ao grupo do contraventor.

Na quinta-feira (24) vão depor: o empresário José Olímpio de Queiroga Neto, conhecido como Zé Olímpio e apontado pela PF como gerente da organização no Entorno do DF e um dos responsáveis pelo pagamento de propina a agentes públicos; o auxiliar Gleyb Ferreira da Cruz, apontado como laranja de empreendimentos de Cachoeira; o ex-vereador Wladmir Henrique Garcez, apontado como facilitador do grupo junto a agentes públicos, como as polícias civil e militar de Goiás; Lenine Araújo de Souza, apontado como gerente do jogo do bicho e responsável pela contabilidade do grupo; o braço-direito do bicheiro e especialista em espionagem do grupo, Idalberto Matias de Araújo (Dadá); e Jairo Martins, outro envolvido nas atividades ilícitas, segundo a PF.