Imprimir

Notícias / Esportes

Judô brasileiro investe pesado por resultado histórico em Londres

Reuters

Turbinada por um investimento de 5 milhões de reais só neste ano, a equipe brasileira de judô teve uma preparação diferenciada para os Jogos de Londres e visa seu melhor resultado em Olimpíadas. A meta é conquistar quatro medalhas, sendo ao menos uma de ouro.

Pela primeira vez, o Brasil levará a uma Olimpíada uma equipe completa -sete judocas na equipe masculina e sete na feminina, classificados pelo ranking mundial. Os outros países com 14 representantes em Londres serão Japão, Coreia do Sul e França.

"Nosso objetivo é alcançar o melhor resultado que já tivemos em Jogos Olímpicos. O ótimo para a gente é chegar a quatro medalhas, dentre essas, pelo menos uma de ouro", disse em entrevista à Reuters o coordenador técnico do judô, Ney Wilson.

"A gente se preparou, investiu e está acreditando nesse resultado", completou.

A equipe de judô conta com fortes patrocinadores, incluindo Infraero, Sadia e Bradesco, além de recursos vindos de leis de incentivo ao esporte olímpico, em sua preparação para Londres.

Nos últimos quatro anos, foram investidos 60 por cento do orçamento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) na preparação e ranqueamento dos atletas para as Olimpíadas - 5 milhões de reais apenas na atual temporada. Em 2008, ano dos Jogos de Pequim, o valor investido foi de 2 milhões de reais.

Pela classificação, os 14 representantes do país no judô, anunciados neste mês, dividirão um prêmio de 1 milhão de reais.

"Foi muito mais detalhado o planejamento. Isso gerou mais despesa, mas os resultados vieram e isso é uma bola de neve. Quanto mais resultado, mais investimento, e a coisa foi funcionando", disse Wilson.

O dirigente explicou que o projeto para Londres primeiramente separou a equipe masculina da feminina. Depois, "passamos a tratar cada categoria, que tinha necessidades diferentes em termos de ranqueamento e potencial dos atletas".

Com os recursos, os brasileiros participaram de mais torneios no exterior e contam com dois judocas na primeira colocação do ranking mundial: Mayra Aguiar (categoria até 78 quilos) e Leandro Guilheiro (até 81 quilos), ganhador de medalhas de bronze em Atenas-2004 e Pequim-2008. Outros oito atletas também serão cabeças-de-chave em Londres.

"Hoje temos uma equipe apontada pela crônica internacional como uma das cinco equipes que vão brigar pelas medalhas olímpicas", afirmou Wilson. "É a melhor equipe (brasileira da história) em talento e a melhor em preparação."

LONGE DA VILA

O judô é o único esporte no Brasil que conquista medalhas há sete Olimpíadas consecutivas, porém o último ouro veio há 20 anos, com Rogério Sampaio, nos Jogos de Barcelona-1992.

Para voltar a subir no lugar mais alto do pódio em Londres, os dirigentes e a comissão técnica prepararam uma logística que inclui a viagem de 12 atletas apenas para treinos e a hospedagem num hotel na cidade de Sheffield, a cerca de duas horas e meia de Londres. Os atletas só entrarão na Vila Olímpica dois dias antes de competir.

"Isso minimiza o efeito do oba-oba, de estar no holofote, de as atletas ficarem muito soltas dentro de uma Vila Olímpica, porque são muitas possibilidades lá. Eu acho superpositivo o fato de os atletas estarem isolados, voltados só para o treinamento, focados", declarou a técnica da equipe feminina, Rosicleia Campos, que disputou como atleta os Jogos de 1992 e 1996 e foi treinadora em 2008.

"Eu vivi o clima olímpico, então eu sei o que é bom e o que é ruim. Claro que difere de atleta para atleta, mas é um pouco aquela coisa de mãe que já viveu aquilo e fala 'não vai por aqui, vai por ali'", disse.

Sob o comando de Rosicleia, que ganhou do Comitê Olímpico Brasileiro o prêmio de melhor técnica em 2011, o Brasil conquistou sua primeira medalha olímpica no judô feminino, com Ketleyn Quadros, em Pequim. No total, o país tem 15 pódios olímpicos: 2 ouros, 3 pratas e 10 bronzes.

Segundo a treinadora, a diferença da equipe atual para a de outras Olimpíadas é que agora o país tem chances de medalhas em todas as categorias.

"A equipe é bem jovem, mas são atletas muito rodadas, a gente viajou muito, participou de competições muito grandes", disse Rosicleia, que costuma vibrar muito durante as lutas.

"É uma equipe bastante homogênea, consistente, diferente de todas as outras equipes que saíram do Brasil, é a melhor de todos os tempos."
Imprimir