O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um dos principais interessados no adiamento do julgamento dos 36 réus do mensalão, cujo processo está no Supremo Tribunal Federal (STF) à espera do relatório final a ser entregue pelo ministro Ricardo Lewandoweski.

Mesmo que esteja se recuperando de um câncer na laringe e não tenha mais o poder da caneta presidencial, nos bastidores Lula ainda dá as cartas. Tanto é que tem mantido encontros com ministros do STF para pedir o adiamento do julgamento para depois das eleições municipais.

Num destes encontros que teve, Lula ofereceu proteção ao ministro Gilmar Mendes, que deve ser uma das autoridades a serem convocadas a depor na CPMI do Caso Cachoeira. Em troca da blindagem, o PT seria presenteado com o adiamento do julgamento e com uma ajuda de peso para livrar os mensaleiros da cadeia.

As revelações foram feitas na edição da revidta Veja deste fim de semana. A reportagem mostra que o ex-presidente petista tem feito lobby com ministros do Supremo indicados pelo próprio Lula.

Além de Gilmar Mendes, Lula também estaria articulando com os ministros José Dias Tóffoli, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa e Carmem Lúcia . Já o presidente da suprema Corte, Carlos Ayres Brito, e Celso de Mello são apontados como propensos à acusação.

Segundo Veja, a intermediação dos contatos entre Lula e Gilmar Mendes foi feita pelo ex- ministro Nelson Jobim. Gilmar Mendes pode ser chamado a depor na CPMI do Caso Cachoeira por ter sido citado em gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal.

O ministro também confirmou que utilizou um avião cedido por Cachoeira para fazer uma viagem até Berlim, na Alemanha, junto com o senador goiano Demóstenes Torres (sem partido), mas garantiu que o fez para visitar sua filha e que pagou todas as despesas da viagem.

À Veja, Gilmar Mendes disse que ficou "perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula" no episódio.




Atualizada às 13h02