Imprimir

Notícias / Política BR

Seria 'mais adequado' encontro de Mendes e Lula no STF, diz ministro

G1

Incomodado com a guerra de versões envolvendo a suposta pressão do ex-presidente Lula para adiar o julgamento do mensalão, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello comentou a postura do colega de Corte e disse que seria "mais adequado" se o encontro acontecesse dentro do tribunal.

Há 22 anos no Supremo, Mello afirmou em entrevista ao G1 que o ministro Gilmar Mendes teria fugido ao protocolo ao aceitar um convite para encontrar Lula em um escritório de advocacia. Na avaliação do magistrado, é difícil para o cidadão comum entender as razões que motivaram o encontro entre o colega e o ex-presidente da República.

"Seria mais adequado ele (Mendes) receber o ex-presidente em seu gabinete no Supremo", afirmou Mello.

Segundo reportagem da revista "Veja" publicada no final de semana, Mendes teria se reunido com Lula, em 26 de abril, no escritório do ex-presidente do STF Nelson Jobim. No encontro, aponta a publicação, Lula teria sugerido ao ministro o adiamento do julgamento dos 38 réus do mensalão em troca da blindagem ao magistrado na CPI do Cachoeira. A comissão mista do Congresso investiga a relação do bicheiro Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados.

A proteção a Mendes ocorreria por conta de uma viagem feita a Alemanha, na qual o ministro teria encontrado o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), investigado pelas relações com o contraventor. Lula estaria preocupado com a possibilidade de o processo do mensalão, que está em fase de revisão, entrar na pauta do tribunal no próximo mês. Em nota divulgada na noite desta segunda-feira, Lula afirma ter ficado "indignado" com as declarações do ministro Supremo.

Blindagem
Apesar de afirmar que a polêmica entre Lula e Mendes "aborrece e entristece" o Supremo, Mello diz não enxergar "extravagância" no fato de o ex-presidente exteriorizar que seria mais conveniente deixar o julgamento para depois das eleições municipais. O problema ético, destaca Mello, teria sido a suposta pressão de Lula invocando a viagem a Berlim e propondo uma blindagem na CPI.

"Como se o ministro precisasse de blindagem. Todos nós do Supremo somos pessoas maduras, com larga experiência na vida pública. Evidentemente, não nos assustamos com pseudas-pressões", enfatizou.
Imprimir