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Suspensão de audiências põe ação 'nos trilhos', diz defesa de Cachoeira

G1

A advogada Dora Cavalcanti, que defende o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, afirmou na manhã desta quinta-feira (31) que a suspensão dos depoimentos de testemunhas de defesa e de acusação devolve o processo para "os trilhos" da legalidade.

As audiências estavam marcadas para esta quinta e sexta na Justiça Federal de Goiânia, mas foram suspensas, a pedido da defesa, na noite desta quarta por liminar (decisão provisória) do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

"Fica retomado o equilíbrio de forças entre defesa e acusação. O processo entra de novo nos trilhos da legalidade", afirmou Dora Cavalcanti.

A defesa entrou com o pedido de habeas corpus sob o argumento de que a defesa estava sendo cerceada devido à não realização de diligências e à impossibilidade de que Cachoeira conversasse reservadamente com seus advogados. O Ministério Público informou que já estuda recorrer para manter os depoimentos.

No pedido de liminar, a defesa argumentou que o desmembramento do processo acarreta em um "injusto cerceamento" ao direito de defesa do seu cliente. Os advogados também solicitaram o direito de entrevistar separadamente Carlos Cachoeira na prisão, sem a presença de agentes penitenciários, e a realização do fornecimento pelas empresas telefônicas dos extratos telefônicos e identificação de quando e quais dados foram acessados a partir da senha genérica fornecidas aos policiais federais (diligências).

Depois de avaliar o documento, o desembargador Tourinho Neto decidiu suspender as audiências enquanto não forem concluídas as diligências solicitadas pela defesa e enquanto não for permitida entrevista reservada. Segundo os advogados dos réus, o pedido de junção dos processos ainda será avaliado pela Justiça.

Depoimentos
Seriam ouvidas 14 testemunhas de defesa e acusação no processo, que envolve sete réus que foram presos durante a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, para combater uma quadrilha que explorava jogos ilegais em Goiás. Havia previsão de Cachoeira acompanhar os depoimentos das testemunhas.

Ao todo, 81 réus foram denunciados, mas o processo foi desmembrado entre os réus presos mais um que está foragido e os outros 73.

Nesta manhã, com a confirmação da suspensão dos depoimentos, a Polícia Federal desmontou o esquema de segurança e o trafégo na Rua 19, no Centro da capital goiana, até então bloqueado, está liberado.

Preso na penitenciária da Papuda, em Brasília, Cachoeira seria transportado para Goiânia pela Polícia Federal. Para sexta, a programação da audiência previa depoimentos do próprio Cachoeira e de outros seis réus. Com a liminar, a operação de transporte do bicheiro foi abortada ainda nesta quinta.

Decisão benéfica
Os advogados dos depoentes souberam logo cedo da manhã que os depoimentos haviam sido suspensos e consideraram como benéfica a decisão. Ney Moura Teles, que representa o ex-vereador Wladimir Garcez, apontado como braço político de Cachoeira junto ao governo de Goiás, afirmou que seu objetivo, é, "ao menos" ouvir os diálogos em que seu cliente é citado.

Ele negou que Waldimir realizasse serviço ilícito. "Ele era funcionário, contador da empresa Delta. Prestava serviço lícito e era isto", afirmou. Na semana passada, em depoimento à CPI que investiga as relações do bicheiro, o ex-vereador negou que participasse de organização criminosa.

O advogado Douglas Dalto Messora, que representa Gleyb Ferreira da Cruz, auxiliar que, segundo o Ministério Público Federal, atuava entre outras coisas no pagamento de terceiros, afirmou que é preciso "o tempo necessário" para analisar o processo.

"O meu cliente fez algumas corretagens, mas numa fez nada ilícito. Ele trabalhava de forma legal", afirmou o advogado.

Já o advogado Calixto Abdala Neto, que representa Geovani Pereira da Silva, que era contador do esquema de Cachoeira, disse que seu cliente só vai se entregar quando a prisão for revogada. Geovani Pereira está foragido desde fevereiro, quando foi deflragada a Operação Monte Carlo, que resultou na prisão de Cachoeira.

"Se revogasse a prisão, ele estaria aqui para falar sobre repasses e tudo que ele fazia e como fazia", disse. Segundo o advogado, Geovani não saiu do páis. "Ele está em Goiás".
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