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Oposição pressiona Agnelo na CPI com perguntas sobre compra de casa

G1

Parlamentares de oposição na CPI do Cachoeira pressionaram nesta quarta (13) o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), com questionamentos sobre a compra da casa do governador. No dia anterior, parlamentares governistas usaram estratégia semelhante contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que também prestou depoimento à comissão.

O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) pediu a Agnelo cópias de cheques que teriam sido usados na compra da casa, em um condomínio, em Brasília.

Nesta terça (12), Perillo entregou à CPI cópias dos cheques que recebeu pela venda de uma casa em Goiânia, na qual o contraventor Carlinhos Cachoeira supostamente morava e onde foi preso em fevereiro pela Polícia Federal, acusado de comandar uma quadrilha de exploração de jogo ilegal em Goiás.

Macris também quis saber quanto vale a casa atualmente, comprada em março de 2007 por R$ 400 mil. "Não sou corretor", respondeu Agnelo.

O deputado também questionou o governador sobre um suposto favorecimento de Agnelo, quando se tornou diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), à pessoa que vendeu a casa para ele, o empresário Glauco Alves e Santos.

Em novembro de 2007, oito meses após a compra da casa, Agnelo assumiu a direção da Anvisa e assinou a liberação de funcionamento de uma importadora, de propriedade do empresário. Em investigação, a Anvisa concluiu que não houve irregularidades.

"Eu adquiri a casa desse casal. Isso foi antes de eu assumir a diretoria da Anvisa. Eu só fui diretor da Anvisa em novembro de 2007. A má-fé é tamanha... Como eu poderia supor que ia virar diretor da Anvisa dez meses depois e favorecer uma empresa? A Anvisa deu 8 mil atestados de funcionamento na minha época. É um atestado dos mais simples. [...] Eu teria que fazer futurologia para saber que ia virar diretor da Anvisa dez meses antes. É um absurdo completo", declarou Agnelo.

O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) fez referência à capacidade financeira de Agnelo para comprar a casa na ocasião. Ele disse que Agnelo declarou R$ 224 mil como patrimônio ao imposto de renda em 2006 e, em 2007, comprou a casa de R$ 407 mil. Questionou como ocorreu a compra. O parlamentar mencionou reportagem da revista "Época" que relatava o aumento patrimonial de Agnelo.

"Essa matéria a que o sr. se refere aconteceu em abril de 2010. Essa matéria tentou me tirar da disputa eleitoral do DF. Um grau de covardia extrema", afirmou Agnelo.

O governador disse ter colocado à disposição do jornalista cópias das declarações de imposto de renda dele e da mulher e extratos bancários.

"Quando fui abordado, quebrei meu sigilo fiscal e bancário para o jornalista. Peguei de um dia para o outro minha conta bancária, minha declaração de imposto - minha e da minha esposa - e entreguei para ele. Era só fazer as contas. Tive que fazer auditoria no meu imposto de renda e da minha esposa para provar que tinha lastro para a compra da casa. Isso foi luta política", declarou.

O deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) também perguntou sobre a forma de pagamento empregada por Agnelo para comprar a casa - se em cheque ou em dinheiro. Agnelo não chegou a responder.

Fora da sala da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que Agnelo não conseguiu explicar a evolução de seu patrimônio. "Ele não deixou claro como fez para comprar a própria casa onde mora, não disse a origem desse empréstimo". O governador disse que não falou em empréstimo para a compra da casa.

Anteriormente, Agnelo havia dito quem tem patrimônio "modesto" para um casal de médicos - ele é cirurgião e a mulher, ginecologista. O governador disse que, em 2006, o casal decidiu "juntar todas as economias" para comprar a casa, declarada, segundo afirmou, no imposto de renda. "Não há um único reparo no meu imposto de renda. Não tenho um centavo de patrimônio a descoberto", afirmou.

O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), apontou correlação entre ilícitos atribuídos a Carlinhos Cachoeira e a compra da casa por Agnelo.

“O Cachoeira está envolvido na indústria farmacêutica, na Anvisa. Tudo faz parte do Cachoeira, com os envolvimentos correlatos, e isso é um envolvimento correlato. Em 2007, ele [Agnelo] assumiu a Anvisa. Em janeiro de 2008, ganha uma franquia de um restaurante em Brasília. Em fevereiro de 2008, ganha outra franquia, que juntas valem quase R$ 2 milhões. E isso pode estar explicado lá naquele que vendeu a casa para ele por R$ 400 mil, que por sinal ganhou credenciamentos da Anvisa", afirmou o deputado.
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