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Relator da CPI pede que Supremo envie novos áudios do caso Cachoeira

G1

O deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da CPI mista que apura as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários, afirmou nesta quinta-feira (14) que se encontrou com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski na quarta (13) para pedir celeridade no envio de novos áudios da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, relacionados a pessoas com foro privilegiado.

"Nós queremos ter acesso à totalidade dos áudios. Pedi ao ministro, da mesma forma estamos fa zendo na 11ª Vara da Justiça Federal e na Polícia Federal”, afirmou o relator após sessão da CPI nesta quinta.

Parte dos áudios está em poder da comissão. Desde o fim de abril, quando o ministro autorizou o envio dos autos à CPI, foram enviados CDs com áudios da investigação que prendeu o bicheiro e que se referem a pessoas com foro na corte, entre elas o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), alvo de inquérito em andamento no STF. Outros áudios obtidos pela Polícia Federal durante a operação relativos aos demais investigados estão em poder da 11ª Vara Federal de Goiânia.

Em maio, Lewandowski enviou 9 DVDs com gravações de escutas telefônicas. Ao todo, são cerca de mil horas de conversas grampeadas, que estão sendo enviadas à comissão em áudio e sem degravação.

Legalidade das escutas
Odair Cunha comentou ainda a decisão do desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região Tourinho Neto, relator do pedido de liberdade para Cachoeira, que considerou ilegais as interceptações telefônicas feitas pelos policiais federais com aval da Justiça. O magistrado recomendou que a Corte anule as provas derivadas dos grampos da Monte Carlo, o que pode levar à soltura do bicheiro e anulação da operação.

Para o relator da CPI, uma possível anulação dos áudios não interfere nos trabalhos da comissão.

"Não atrapalha nosso trabalho. É uma questão irrelevante para a CPI. Isso é importante na fase da ação penal. Na nossa fase de investigação nós estamos na fase de inquérito e para o inquérito nós estamos em busca de indícios. As interceptações telefônicas continuam sendo uma fonte importante na nossa CPI", afirmou Odair Cunha.

Na visão do desembargador Tourinho, o juiz da primeira instância que autorizou a PF a realizar as escutas telefônicas não teria demonstrado em seu despacho a real necessidade da utilização desse tipo de prova. A análise do caso foi suspensa após o pedido de vista do desembargador Cândido Ribeiro. O TRF deve voltar a apreciar o habeas corpus na próxima semana.

Ministro defendeu ação da PF
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou na quarta que as escutas são legais e que, se o tribunal invalidar as escutas, haveria "uma perda muito grande de um conjunto probatório farto" que poderia embasar os processos contra os acusados de exploração de jogo ilegal em Goiás. Cachoeira também é acusado de corrupção, falsidade ideológica e contrabando.

"Lamentaria imensamente que essas provas não pudessem ser aproveitadas para aplicar a lei com o máximo rigor", comentou o ministro.
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