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Opositor critica governo Chávez por comprar filial do Santander

Folha Online

O governador do Estado venezuelano de Zulia, Pablo Pérez, criticou nesta sexta-feira, em Lima, o acordo pelo qual o governo do presidente Hugo Chávez irá pagar US$ 1,050 bilhão (cerca de R$ 2,12 bilhões) ao grupo espanhol Santander pela sua filial no país, o Banco da Venezuela, nacionalizado em 2008.

"Eu penso que o governo não existe para administrar bancos. Já temos o Banco Central e o Banco Industrial da Venezuela. [...] O governo não existe para ficar comprando nem gerindo", disse o governador. "[O problema do governo venezuelano] é que não só compra bancos mas também empresas de energia elétrica, e essas verbas seriam melhor aproveitadas se fossem destinadas à construção de casas e à melhoria da estrutura hospitalar e educacional", disse.

Pérez, que é opositor de Chávez, fez essas declarações em Lima, durante visita a Manuel Rosales, o prefeito licenciado de Maracaibo que fugiu da Venezuela depois de ter a prisão decretada por enriquecimento ilícito e corrupção. Rosales nega as irregularidades e acusa Chávez de manipular a Justiça para persegui-lo politicamente.

O valor a ser pago pelo governo venezuelano na compra do Banco da Venezuela equivale a todas as ações do grupo Santander na empresa, que correspondem a 96% do capital dela. A venda era negociada desde julho do ano passado, mas havia um impasse sobre o preço a ser pago. Chávez afirmou, em março passado, que o valor do banco havia caído por causa da crise econômica mundial.

De acordo com o vice de Chávez, Hugo Carrizález, 60% do US$ 1,050 bilhão será pago no momento da assinatura da escritura de compra e venda do banco, no próximo dia 3 de julho, e o resto será entregue ao Santander em duas cotas iguais de pagamento com vencimento em outubro e dezembro próximos.

O vice venezuelano assegurou que a compra vai garantir emprego de todos os funcionários da instituição e as contas correntes de todos os atuais clientes do Banco da Venezuela. "Em nenhum dos processos de nacionalização os trabalhadores foram afetados, pelo contrário. Este governo tende a fortalecer a classe trabalhadora", afirmou.

Para o vice, a compra está "dentro da estratégia de desenvolvimento nacional do país" e pretende "fortalecer o setor financeiro público".

Com a nacionalização do Banco da Venezuela, o terceiro mais do país, o governo de Chávez passa a ser a parte mais poderosa do sistema financeiro do país, controlando de 12% a 13% do setor e cerca de 25% de sua renda.

O Banco da Venezuela representa menos de 2% dos negócios do Grupo Santander, instalado em toda a América Latina. O Santander adquiriu o banco venezuelano em 1996, em um leilão público, por US$ 351,5 milhões (mais de R$ 712 milhões).

O governo venezuelano iniciou em 2007 uma política de nacionalização de empresas de áreas estratégicas, como petroleiras, de telecomunicações e de energia elétrica. Em 2007, o projeto chegou às empresas de siderurgia, cimento e bancárias.
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