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Marcos e rock n’ roll: as armas de Bruno para chegar à primeira final

Globo Esporte

Aos 27 anos, Bruno está a um jogo de chegar à sua primeira final como jogador profissional. E isso pelo Palmeiras, seu clube do coração e que defende desde a adolescência. Às vésperas do duelo decisivo contra o Grêmio, nesta quinta-feira, pela volta das semifinais da Copa do Brasil, o goleiro usa artimanhas para afastar a ansiedade e ficar mais ligado a partir das 21h, na Arena Barueri. A presença do ídolo Marcos e um pouco de "rock pesado" nos ouvidos são os fatores que fazem de Bruno um palmeirense mais confiante – mesmo com a recente falha no jogo contra o Vasco.

Os conselhos quase diários do ex-goleiro são fundamentais para Bruno, que convive com Marcos há mais de dez anos – cinco deles como profissional. O goleiro já disputou decisões pelas categorias de base, mas sabe que o momento é especial. De eterno reserva, ele passou a titular, ganhou a maior sequência de jogos da carreira (serão 11 nesta quinta) e ajudou o time na vitória por 2 a 0 diante do mesmo Grêmio, em Porto Alegre, pelo jogo de ida das semifinais.
Aprendi com o Marcos que as decisões são os jogos bons de se estar em campo"
Bruno

– Em 2009 eu consegui quatro ou cinco jogos na sequência, é muito pouco para o goleiro. Agora estou engrenando, tendo tranquilidade, e isso faz toda a diferença. Aprendi com o Marcos que as decisões são os jogos bons de se estar em campo. Nessas horas a gente vê a cara do jogador, que é quem. A experiência dele é fundamental, perdeu muito pouco. Tenho essa mesma gana que ele teve em toda a sua carreira – diz Bruno.

O “Santo” deve estar presente na Arena Barueri, participar da preleção e dar novas palavras de apoio ao goleiro. Em Porto Alegre, Marcos viajou com o elenco, fez um evento como embaixador do clube e conversou muito com Bruno.

– Ele tem de vir todos os dias ao Palmeiras, a presença dele dá outra cara para o time, anima o vestiário. Com o jeito dele, consegue descontrair o grupo sem perder o foco. Para mim e para o Deola é ótimo, pois sempre viajamos juntos e a rotina mudou pouco desde que ele parou. Na quarta, ele disse que me conhecia bem e tinha total confiança no meu trabalho. Faz diferença – revelou o atual titular.

O empate por 1 a 1 com o Vasco não abalou o ânimo do goleiro, que foi acusado de ter falhado no gol de falta marcado por Juninho Pernambucano. Cabeça e corpo estão voltados para o Grêmio. A expectativa é inevitável.

– A semana foi intensa e demorou uma eternidade para passar. Na concentração, cada minuto vira uma hora inteira – brincou Bruno.

Rock pesado surpreende “Santo”
Quando Marcos não está por perto, a solução para manter a concentração é ouvir boas bandas de rock, estilo musical preferido de Bruno, Deola, e até do próprio “Santo”. Nas concentrações, para relaxar, o preferido é o cantor norte-americano John Mayer, autor de canções mais leves. Mas quando chega o dia do jogo, o “bicho pega”: os goleiros ouvem rock pesado, no volume máximo, assustam os adversários e também quem está por perto.
No caminho para o estádio sempre ouço um rock bem pesado, para dar uma ligada mesmo"
Bruno

– No caminho para o estádio sempre ouço um rock bem pesado, para dar uma ligada mesmo. Linkin Park (banda americana) é uma boa pedida para esses momentos. No caminho para o Olímpico eu ouvi várias músicas deles. O Marcos e o Deola, que sentaram na minha frente no ônibus, perceberam que o som estava alto. Marcão falou que se dependesse da trilha sonora, não ia passar nada. E não passou – relata o goleiro.

Apesar do “susto”, Marcos é respeitado até na hora da escolha das músicas. Fã assumido de música sertaneja, o ex-goleiro também tem sua veia roqueira e faz recomendações aos mais novos. Por isso, Bruno fez questão de organizar uma vasta coleção de clássicos e contemporâneos do rock, só para agradar ao mestre.

– Quando a gente concentrava eu deixava meu iPod no modo aleatório. O Marcos gosta muito de bandas brasileiras, principalmente o Raimundos. Sempre colocava o fone no ouvido dele, e ele se divertia. É assim até hoje, quando ele está conosco – conta Bruno.

Outra distração, e vício recente, é o aplicativo Song Pop, febre nas redes sociais e smartphones. Com Deola, ele trava batalhas e esquece um pouco do momento decisivo que vive na carreira.

– Fico brincando com o Deola nesse traste aí. Vicia demais, mas ajuda a passar o tempo.

Bruno pode até tomar um gol nesta quinta-feira, e mesmo assim o Palmeiras se classifica para a grande final da Copa do Brasil. Se tudo der certo, as batalhas com Deola e o som pesado com Marcos vão continuar por pelo menos mais dois jogos da competição nacional.
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