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Conselho de Ética do Senado recomenda cassação do senador Demóstenes por 15x0

De Brasília - Vinícius Tavares

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado aprovou de forma unânime, na noite de ontem (25.6), o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE) que recomenda a cassação do senador goiano Demóstenes Torres (sem partido), acusado de quebra de decoro por conta de suas ligações com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Por conta do voto ser aberto no Conselho de Ética e de ter sido televisionado para todo o Brasil pela TV Senado, todos os 15 senadores votaram pela cassação do parlamentar goiano. Esta foi a primeira etapa do processo de cassação, que tem continuidade no plenário do Senado, onde o voto é secreto e há a possibilidade de o parlamentar ser inocentado pelos colegas de Senado.

A leitura do parecer do relator Humberto Costa durou mais de uma hora. Costa classificou Demóstenes como um dos integrantes de uma quadrilha especializada em legalizar jogos de azar, proibidos pela legislação brasileira.

"Há um grande número de evidências de cooperação de Demóstenes em benefício de Carlinhos Cachoeira e ele buscou defender estes interesses em diversos órgãos púbicos como Ibama, Dnit, MEC, TSE e STJ, entre outros", argumentou.

"E atuou ainda em prol de Carlinhos Cachoeira em diversos Estados como Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso, GDF e São Paulo", acrescentou.

Taques diz que o Senado não pode perdoar Demóstenes

Embora não seja membro do Conselho de Ética do Senado, o senador Pedro Taques (PDT-MT) fez questão de se pronunciar a respeito dos graves fatos que recaem sobre o senador Demóstenes Torres. Segundo Taques, não existe nada mais trágico no mundo do que dizer o que é certo e fazer a coisa errada. Ele afirma que o senador sabia e sabe o que é certo e optou trilhar o caminho errado, do que é falso, ilícito e criminoso. E lembrou que uma procuradora e um juiz foram ameaçados de morte pela quadrilha.

"Demóstenes sabia da gravidade dos fatos", argumentou.

Pedro Taques lembrou ter recebido no dia 3 de março, logo após as denúncias publicadas na imprensa de suas ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, um telefonema, às 6h da manhã para que ele e o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) os ouvissem antes de se pronunciar a respeito das denúncias.

"Lembro que cheguei em Brasília no dia 5 de março e fomos à casa do senador para ouvi-lo. E sugerimos que ele fosse à tribuna contar a sua vedade. E ele falseou a verdade. Disse mentiras", sustentou.

O senador questionou os argumentos da defesa de Demóstenes, que colocou em dúvida os trabalhos da CPI. Segundo Taques, este é um julgamento político. "Não estamos aqui para jugar a sua pessoa, mas para jugar a sua conduta. Os fatos são gravíssimos. Como pode um senador da república continuar exercendo essas funções sabendo o que ele fez?", questionou.

"Não não podemos perdoar. Quem perdoa é Deus. E nós não somos Deus", concluiu.

Última atualização na terça-feira (26.5) às 08h40
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