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Notícias / Meio Ambiente

Ambientalista chinês diz que Pantanal de MT é ‘jardim do éden’

Da Redação - LB

“Depois de tanto tempo trabalhando em áreas desfiguradas pela poluição industrial, tinha esquecido o que era uma área natural de verdade”. A declaração é do ativista chinês Ma Jun, em visita ao Pantanal de Mato Grosso. Para ele, o bioma é o verdadeiro jardim do éden.

Conhecido internacionalmente pelo trabalho de ‘desintoxicar’ as empresas multinacionais em seu país, Jun esteve no Brasil cumprindo agenda na Rio + 20 e, na ocasião disse - ao repórter Alexandre Mansur em entrevista à revista Época – que ficou deslumbrado com a beleza do Pantanal mato-grossense.

“Fui até atacado por mosquitos (risos) e estou maravilhado com o que vi. É como um jardim do éden e fiquei pensando como nossos rios na China deveriam ser assim. Sobrevoando o Mato Grosso, hoje entendo o desafio que os brasileiros enfrentam para conciliar preservação e produção”, impressionou-se o ambientalista.

Jun lançou seu primeiro livro sobre os problemas da poluição na China em 1999 e se aperfeiçoou ao longo dos anos em desenvolver uma campanha para que as empresas não tenham, segundo ele, liberdade de poluir. “Usando informações oficiais do Governo montamos a campanha Aliança para Escolha Verde, onde relacionamos as empresas responsáveis por 65% da poluição na China e destacamos marcas, por exemplo, como Apple e Nike”, cita Jun.

O ativista fez questão de lançar sua preocupação com a expansão dessas empresas para outros países, dentre eles, o Brasil. “Resolvemos ligar as empresas mais sujas às marcas para as quais produzem e usamos a Aliança para divulgarmos isso. Hoje, temos acordo com 31 marcas globais que produzem na China, em contrapartida, essas mesmas empresas estão transferindo suas atividades para outros países e queremos ajudar o Brasil a não dar a elas liberdade para poluir”, alertou Jun, que estuda há anos a poluição dentro da cadeia econômica de abastecimento das maiores marcas na China.

Há pelo menos um mês, o senador mato-grossense Blairo Maggi defendeu a singularidade entre países vizinhos, como forma de garantia da ‘sustentabilidade’ econômica em cada território, vez que, do bloco do Mercosul, por exemplo, nenhum país tem a rigorosidade das leis brasileiras. Para ele, o Brasil tem uma legislação ambiental bastante diferente daquilo que acontece no mundo. Segundo comparou, na Argentina, por exemplo, não há 5% do que é exigido no Brasil na questão ambiental.

“O que ressalto é que nós (setores produtivos) façamos uma exigência ou pelo menos, um compromisso com esses países para que eles sigam as mesmas regras que temos no Brasil. Caso contrário, nós teremos desequilíbrios de mercado, custos mais elevados em relação à produção que outros países fazem e, além das dificuldades de comércio, vão se levantando outras barreiras como é o caso das questões ambientais. Para que esse tipo de prática do ‘livre-comércio’ tenha seus efeitos atenuados, nós (Senado) colocamos no Código Florestal alguma coisa nesse sentido, ou seja, pretendemos que outros países sigam a mesma linha adotada no Brasil na área e rigor ambiental”, alertou Blairo Maggi defendendo a questão ambiental do país numa correlação internacional.

O ativista Ma Jun, na mesma linha, diz que esse risco ‘de invasão’ é real uma vez que a economia ficou global e para ele, portanto, o cuidado ambiental também deveria ficar a fim de preservar as riquezas naturais independente das ligações comerciais.

“Não conseguiremos fazer multinacionais ecológicas, mas, uma coalizão de ONG’s como a nossa, garantiremos que aonde quer que essas empresas forem, elas não encontrarão liberdade para poluir. Espero que os consumidores brasileiros possam nos ajudar a cobrar uma melhor postura das empresas chinesas, assim como, gostaria que os consumidores chineses se preocupassem com o meio ambiente do Brasil, já que somos os principais consumidores de alguns de seus produtos, como a soja, por exemplo”, explicou o ambientalista. As informações são do senador Blairo Maggi (PR).
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