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Família que recebeu notícia errada de paciente morta chegou a ver velório

G1

Depois de passar cerca de três horas pensando que sua mãe tinha morrido no incêndio que destruiu o prédio do almoxarifado do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, nesta quarta-feira (4), o porteiro Demerval Parrot Filho, de 52 anos, recebeu a correção da notícia que havia sido passada pela direção da unidade: Ernestina Alves, de 87 anos, estava viva. A família, segundo ele, já tinha até começado a ver como seria o velório.

Quem morreu, na verdade, foi a paciente Edenir Pereira, de 65 anos.

“Foi um susto muito grande. Já sabíamos que a minha mãe estava mal de saúde. Mas fiquei muito triste quando soube da morte dela. Já estávamos pensando e preparando o velório e mais ou menos três horas depois minha sobrinha me ligou e disse que a direção do hospital informou que tinha passado a informação errada. Nessa hora eu senti um alívio, mas foi uma situação muito complicada. Todos os familiares ficaram desesperados”, contou o porteiro.

Demerval estava em casa quando recebeu a primeira ligação da sobrinha, por volta das 8h, dizendo que a mãe dele tinha morrido. Segundo ele, foi uma choradeira e uma gritaria em casa. Os familiares, então, foram para o hospital. Eles aguardam para visitar dona Enerstina.

Por volta das 13h, o diretor da unidade, Rodolfo Acatalassu, confirmou que a unidade deu a notícia da morte da paciente para a família errada.

“Admito que houve um equívoco, causado pelos nomes parecidos das pacientes. Além disso, elas apresentavam o mesmo quadro clínico, com a mesma gravidade e estavam internadas na mesma enfermaria”, disse o diretor do hospital.

A morte da paciente foi anunciada após o incêndio pelo governador do Rio, Sérgio Cabral. Segundo ele, a paciente que sofria de fibrose pulmonar e estava em estágio terminal, teve o quadro agravado ao inalar fumaça e morreu.

Falta de informação
Muitos familiares só ficaram sabendo do estado de saúde dos seus entes porque os próprios pacientes ligaram. Segundo eles, o hospital não passou informação.

Com a mãe internada há pelo menos cinco meses, a técnica de enfermagem Luana Miranda, de 30 anos, reclamou da falta de informação do hospital. “Assim que soube do ocorrido, vim para a porta do hospital. Era mais ou menos 7h, mas ninguém sabia de nada. Os seguranças e os médicos só diziam que nós tínhamos que aguardar. Achei um absurdo e uma falta de respeito com todos os familiares que estavam aqui no portão”, disse ela.

Valquíria Vilela, de 49 anos, está com a mãe internada no 4º andar do hospital. Segundo a dona de casa, ela só ficou sabendo do estado de saúde porque o filho, que é militar, entrou fardado no hospital. Ele teve que ir ao quartel trocar de roupa. “Minha mãe falou comigo no celular e disse que estava tudo bem”, contou.

Já Maria do Socorro Almeida, de 55, estava dentro do hospital na hora do incêndio, como acompanhante do marido, de 50 anos. “Quando vi a fumaça entrando, eu e meu marido começamos a acordar ao outros pacientes. Os que podiam andar correram, e os que não podiam, ficaram para trás. Só que quando chegamos na porta para ir para o pátio, elas estavam trancadas com cadeados. E os seguranças alegaram que não tinham a chave. Eles tiveram que abrir os cadeados com alicate”, disse Maria.

O incêndio
O fogo começou pouco antes das 6h no prédio anexo onde funciona o almoxarifado. A fumaça se espalhou e atingiu até o quinto andar do Pedro Ernesto. Segundo o hospital, nenhuma área de atendimento foi afetada. Por causa do incêndio, as consultas previstas para esta quarta foram suspensas. A remarcação das consultas programadas será realizada a partir desta quinta-feira (5).

O prédio incendiado, informou a assessoria, era uma construção nova, inaugurada há cerca de um ano. O fogo destruiu todo o material do hospital - medicamentos e materiais, como luvas e seringas.

Pacientes foram retirados da unidade por medida de segurança. Algum deles foram removidos com a ajuda da escada magirus do Corpo de Bombeiros. As chamas foram controladas por volta das 7h20. Às 14h, bombeiros faziam rescaldo.

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