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Anhembi vira 'mini-Pacaembu', e Fiel transforma tensão em êxtase

Globo Esporte

Um corintiano bastava para transformar qualquer canto do Brasil em uma extensão do Pacaembu. Imagine então juntar 20 mil em um mesmo lugar. Aí o bando de loucos estava pronto para a festa. Com este clima de otimismo desde o início da tarde desta quarta-feira, o Anhembi reviveu os tempos de fevereiro e presenciou um verdadeiro carnaval fora de época. Só que as fantasias exóticas e coloridas deram lugar a camisas, agasalhos e roupas cujas cores não escapavam do tradicional branco e preto.

Malucos pela única grande conquista que lhes faltava - e que ambicionavam para acabar de vez com as gozações dos rivais Palmeiras, Santos e São Paulo -, os "maloqueiros e sofredores" que não garantiram presença no estádio se acotovelaram para acompanhar, em três telões espalhados pelo parque, a noite mais importante da história do Sport Club Corinthians Paulista. Pagaram R$ 20 (fora bebida e comida...) por um sentimento semelhante ao de quem esteve no Pacaembu e acompanhou in loco a vitória por 2 a 0 sobre o Boca Juniors.

Pré-jogo animado, primeiro tempo aflito
O clima estava preparado muito antes da bola rolar. Os três telões mostravam todos os lances da campanha invicta do Corinthians, com destaque para a defesa de Cássio no mano a mano com Diego Souza e para o gol de Emerson, na dramática vitória mínima sobre o Santos na Vila Belmiro. A torcida vibrava como se já fosse a partida. Não eram os 30 mil anunciados pela organização antes da partida (dois mil ingressos sobraram nas bilheterias), mas era o suficiente para fazer barulho.

Até que ela começou, e toda aquela descontração deu lugar a angústia. A narração de Cléber Machado e o som ambiente dos corintianos nas arquibancadas do Pacaembu era a única coisa audível. Se o telão estivessse mudo, seria possível ouvir o ranger dos dentes, o roer das unhas, ou os sussurros de 20 mil, que, misturados, valiam por um.

- Vai, Corinthians. Vai, Corinthians. Vai, Corinthians. Vai, Corinthians. Vai, Corinthians. Vai, Corinthians. Vai, Corinthians. Vai, Corinthians - repetiu um torcedor seguidamente, sem ligar para o que os outros pensariam. E, cá entre nós, todos ali entenderam perfeitamente.

A angústia continuou por todo o primeiro tempo, na caneta de Emerson, nos chutes de Alex, na raça de Ralf e, por que não, a cada toque na bola de Riquelme. Apito do juiz, hora do intervalo. E o sentimento de coração apertado seguiria intacto por longos 15 minutos.

Explosão com gol relâmpago e delírio no fim
Tudo que o primeiro tempo teve de angustiante acabou no início da etapa final. Vozes por todo o sambódromo carregaram a bola da cabeça de Jorge Henrique para o pé direito de Emerson. E o gol proporcionou uma mescla de estranhos sentimentos: a aflição do 0 a 0 ficou ainda maior na vitória.

Os corintianos no Anhembi eram o terceiro zagueiro, que afastava as bolas do ataque do Boca assim que os argentinos passavam do meio-campo. Era o primeiro volante, que fungava no pescoço de Riquelme. E o atacante que corria para tentar garantir um placar mais elástico.

A partir daí, muita coisa passou pela cabeça dos 20 mil corajosos que se arriscaram a acompanhar a partida mais importante de suas vidas fora de suas casas. Confiança. Emoção. Tremedeira. Tensão. Nervosismo. Alegria. Êxtase. O alívio só veio com Emerson, que, assim como fez contra o Santos, virou o nome da partida, ao marcar o segundo gol e decretar o título

O Boca que calou cruzeirenses, palmeirenses, santistas e gremistas encontrava o gosto do silêncio no Pacaembu, mas silêncio foi algo que passou longe, mas bem longe do Anhembi. Aliviado, o bando de loucos que tanto rezou durante os 90 minutos enfim levanta os dedos para festejar: 'A Libertadores agora é minha'.

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