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Combates no Paquistão deixam ao menos 2,4 milhões de refugiados

Folha Online

O Paquistão anunciou nesta segunda-feira que intensificou a ofensiva contra o Taleban para forçar a retirada do grupo da capital do Vale do Swat (noroeste do país), um mês após o início da operação. Segundo estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 2,4 milhões de pessoas já fugiram de suas casas.

Os combates urbanos na cidade de Mingora (100 km de Islamabad), principal ponto comercial e administrativo da região de Swat, já deixaram mais de 1.100 militantes talebans e 66 soldados mortos. O governo não divulga o número de baixas civis e nem permite o acesso de organizações independentes ao local.

Nesta segunda-feira, o Exército paquistanês informou que vai precisar ainda de sete a dez dias para encerrar a operação de retomada de Mingora dos talebans.

"A operação é um pouco lenta porque queremos evitar perdas civis e a destruição de propriedades", afirmou o general Athar Abbas, porta-voz do Exército. "Eles encheram Mingora de minas e temos que desativar todos os artefatos explosivos."

Um porta-voz militar, general Athar Abbas, disse que os soldados já controlam um corredor do subúrbio para o centro da cidade, e que já retomaram três dos cinco principais cruzamentos de Mingora.

"As forças do subúrbio estabeleceram ligações com vários soldados e pelotões dentro (da cidade) que estavam cercados por causa dos militantes", afirmou. "Os principais edifícios estão sendo vistoriados. É uma cidade grande e vai levar um pouco mais de tempo mas a operação está caminhando em um ritmo bom."

Helicópteros paquistaneses também bombardearam esconderijos dos extremistas em Poechar e Malam Kabba, nas zonas montanhosas ao noroeste de Mingora, redutos dos talebans.

Fuga em massa

Com a entrada do Exército em Mingora, milhares de famílias inteiras abandonaram a cidade. O Acnur (Alto Comissariado da ONU para os Refugiados) anunciou que as autoridades registraram 2,38 milhões de deslocados desde o dia 2 de maio.

O ministro paquistanês da Informação, Qamar Zaman Kaira, afirmou à imprensa que o governo está fazendo o possível para atender as pessoas em fuga.

Quase 200 mil pessoas vivem nos campos de refugiados, enquanto as demais se refugiaram nas casas de parentes e amigos. Os novos deslocados se somam às 550 mil pessoas que fugiram em 2008 de batalhas similares.

Organizações de defesa dos direitos humanos advertiram que este é o maior movimento de deslocamento no Paquistão desde a separação da Índia em 1947.

Mesmo assim, o governo não consegue evitar reações da população de outras partes do país à migração compulsória.

Na cidade de Karachi, parte das lojas está fechada em adesão a uma greve convocada pelo movimento de defesa da causa dos nativos do sul da província de Sindh, que não aceita a chegada dos fugitivos. Para analistas, a mistura de povos de etnias diferentes eleva o temor de que ocorram episódios de violência sectária no país.
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