Durante dez anos, o alviverde imponente ficou fragilizado diante das brincadeiras dos rivais. Durante dez anos, muita gente passou pela defesa que ninguém passa. Durante dez anos, a torcida que canta e vibra mais chorou e vaiou. Demorou, sim, mas o Palmeiras mostrou que de fato é campeão. Dez anos depois do capítulo mais triste de sua história, o clube retoma lugar de destaque no cenário nacional com o bicampeonato da Copa do Brasil, conquistado em cima do Coritiba.

Lembrar o rebaixamento à segunda divisão, no dia 17 de novembro de 2002, pode até parecer tortura em um dia tão feliz para os palmeirenses. Mas é necessário. Afinal, o título da Copa do Brasil, conquistado nesta quarta-feira, tem um gosto mais especial se o complicado caminho do Verdão daquele fatídico dia até aqui for lembrado. De rebaixado a campeão nacional, o Palmeiras viveu muitas coisas. Teve derrotas vexatórias, uma conquista paliativa e muita turbulência interna.

Esse cenário, no entanto, dá ainda mais valor ao segundo título da Copa do Brasil do Palmeiras (o primeiro foi em 1998). Mesmo com problemas políticos e técnicos, o Verdão chegou à decisão forte, passando com propriedade pelos adversários e construindo um caminho vitorioso sem deixar que as brigas internas interferissem dentro de campo, como ocorreu na maior parte desses dez anos.

A queda em 2002, aliás, foi um exemplo disso. Uma equipe fraca tecnicamente, cheia de problemas internos e que quando percebeu já estava na segunda divisão. O ano de 2003, da redenção e do retorno à primeira divisão, não foi apenas uma temporada de glórias. Foi também de vergonha, como a eliminação para o Vitória na Copa do Brasil, com direito a derrota por 7 a 2 no Palestra Itália.


Jogadores do Palmeiras comemoram o título da Copa do Brasil (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Até 2008, quando conquistou o Campeonato Paulista em cima da Ponte Preta, a trajetória do Palmeiras foi de altos e baixos. Em 2004, por exemplo, caiu para o Santo André na Copa do Brasil. Mas conseguiu vaga na Libertadores de 2005, quando foi eliminado pelo rival São Paulo, assim como em 2006. Essa temporada, aliás, foi trágica, quase culminando com mais um rebaixamento. No ano seguinte, a eliminação para o Ipatinga na segunda fase da Copa do Brasil gerou nova crise.

Se em 2008, o Campeonato Paulista serviu como alento, em 2009 a quase conquista do Campeonato Brasileiro aumentou o clima de desconfiança no clube. Sob o comando de Muricy Ramalho, a equipe liderou boa parte da competição, mas perdeu fôlego na reta final, não foi campeã e ainda ficou fora da zona de classificação para a Libertadores da América. Já 2010, então, foi mais um ano de problemas, com quedas na Copa do Brasil e na Copa Sul-Americana.

No ano passado, mais decepções. Figurante no Brasileirão, o Palmeiras foi eliminado pelo Coritiba na Copa do Brasil, levando de 6 a 0 no Couto Pereira, e caiu ainda na fase nacional da Copa Sul-Americana. Só que na temporada que começou com a aposentadoria do ídolo Marcos, o Verdão está de volta ao topo do cenário nacional, com uma Copa do Brasil vencida na raça, bem ao estilo de Felipão e de líderes do Alviverde como Marcos Assunção e Henrique.

Os últimos dez demoraram a passar. Foram dias difíceis, complicados, mas agora o torcedor alviverde pode comemorar e ostentar a sua fibra.