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Mortos em Osasco foram escolhidos de forma aleatória, diz delegado

G1

O delegado seccional de Osasco, Mauro Guimarães Soares, afirmou ao G1, no fim da tarde desta quinta-feira (12), que apenas uma das oito pessoas mortas nesta madrugada no município da Grande São Paulo era alvo certo dos assassinos, justamente a que foi executada com pelo menos 12 tiros. As demais vítimas podem ter sido escolhidas de forma aleatória pelos criminosos, de acordo com o delegado. "Eu presumo que tenha sido um caso mais pessoal, em relação ao que levou 12 tiros. Já o grosso das vítimas foi aleatório", declarou.

A ligação entre as vítimas não foi estabelecida, o que dificulta para a polícia chegar à motivação dos crimes. Uma das hipóteses é de que estas pessoas foram escolhidas como alvo por estarem, no horário, próximas a pontos de venda de drogas, as chamadas 'biqueiras'. "Eu acho que pode ser uma disputa por ponto de drogas. Pode ser", afirmou Soares, não descartando as demais linhas de investigação para os crimes. A possibilidade de as vítimas terem sido atingidas por estarem comemorando o título do Palmeiras na Copa do Brasil chegou a ser levantada.

"Cogitaram essa possibilidade, sim. Pode ter acontecido de um palmeirense ter assitido à partida em um bar e ficou lá depois do jogo e acabou morto. Mas entre as vítimas têm corintianos e são-paulinos", disse.

Os responsáveis ainda eram procurados no fim da tarde. A polícia acredita que todos foram vítimas da mesma quadrilha, mas ainda não tem pistas dos criminosos, que aproveitaram os fogos durante as comemorações da final da Copa do Brasil para encobrir o barulho dos tiros.

As execuções ocorreram em um intervalo de três horas. Segundo testemunhas, os criminosos estavam em um carro e uma moto, seis homens no total. "Segundo os relatos das testemunhas, seria um Palio ou um Celta vinho e uma motocicleta de grande porte. Em alguns casos, só viram uma pessoa a pé, mas esta pode ter descido da moto e se dirigido até o local", afirmou Soares.

Todos os crimes foram registrados em quatro bairros que ficam perto um do outro. O primeiro foco dos crimes ocorreu no Jardim Rochdale e o segundo, a cerca de quatro quilômetros, em Munhoz Júnior. Cápsulas de balas de pistolas foram encontradas nos locais. De acordo com o delegado seccional, a maioria dos tiros foi de uma pistola .380. "Mas foram encontrados cartuchos de pistola .45 também", disse o delegado.

De acordo com o delegado seccional, das oito vítimas, apenas uma era um criminoso de alta periculosidade. Outros três tinham passagem polícia, um por roubo, mas que fora absolvido, outro por porte de arma e um terceiro por tráfico.

Por volta das 6h, a Polícia Civil informou que os crimes tinham ocorrido durante comemorações do título do Palmeiras da Copa do Brasil pelas ruas de Osasco. Entretanto, familiares de vítimas ouvidos pelo G1 e um policial da Delegacia Seccional de Osasco informaram que apenas uma das vítimas usava camisa do Palmeiras no momento dos crimes.

A Polícia Miltar afirmou em nota que os assassinatos não têm relação com festas pela vitória palmeirense. Segundo a corporação, “os criminosos apenas aproveitaram o horário em que se dava a salva de fogos para ‘disfarçar’ o estampido dos disparos de suas armas”.

A movimentação foi intensa no Instituto Médico-Legal (IML) de Osasco para onde foram levados os corpos. Muito abaladas, várias famílias não quiseram conversar com a imprensa.

Rodrigo Roberto Longarini, de 23 anos, não acredita que a morte do pai, o funcionário público Marcelo Lúcio Gaspar Longarini, tenha sido motivada por futebol. Segundo ele, Marcelo, que trabalhava na Universidade de São Paulo (USP), era corintiano e deve ter deixado a sua casa para assistir ao jogo.

“Essa hipótese de que ele foi morto por causa de time eu já descartei. Ele deve ter ido a algum local que tenha televisão grande ou telão. Na volta, ele foi baleado”, disse enquanto aguardava a liberação do corpo no IML de Osasco. O funcionário foi atingido na Rua Palmital, no bairro Munhoz Junior.

O pai do autônomo Denis dos Santos, de 34 anos, acredita que o rapaz foi atingido pelos disparos por engano na Rua Santo Expedito, no Jardim Canãa. “Para mim, ele era um filho exemplar. Eu perdi um pedaço de mim”, afirmou o gráfico Luiz Carlos Santos, de 60 anos. Uma irmã de Denis contou ao pai que ele foi atingido quando procurava abrigo em um bar. “Ele ouviu o barulho de tiro e bateu na porta do bar. Eles abriram e ele foi atingido lá dentro. Acredito que ele estava naquela hora no local errado”, declarou.

Mortos e feridos
Os crimes aconteceram nas ruas Cuiabá, Jade, Santo Expedito, Patrocínio Paulista, José Marques de Rezende e Palmital. As vítimas são Jailton Rodrigues da Silva, de 29 anos, Robson Cardoso de Godoy , de 22 anos, Adriano Barbosa, de 25 anos, Denis dos Santos, de 34 anos, Antônio Carlos Jimenez, de 46 anos, Daniel Medrado, de 23 anos, Edílson Silvestre, de 35 anos, e Marcelo Lúcio Gaspar Longarini, de 41 anos.

A Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Civil apontavam, até as 13h45 desta quinta, a morte de oito pessoas e a existência de um ferido. O registro do Boletim de Ocorrência de Polícia Civil aponta que João Manoel Gonçalves foi atendido em um pronto-socorro e liberado. Há ainda o registro de outros dois feridos que não são apontados pela Polícia Civil. A Prefeitura de Osasco afirma que duas vítimas foram encaminhadas ao Hospital Central e permanecem internadas. A prefeitura não divulgou os nomes das vítimas.

Segundo o policial civil Ivan Carlos de Castro, do Setor de Homicídios da Delegacia Seccional de Osasco, os crimes aconteceram perto de bares e pontos de tráfico de drogas. "Apenas uma das vítimas estava com a camisa do Palmeiras. Entre os mortos também havia corintiano e são-paulino. Portanto, a princípio, não é possível dizer que os crimes tenham alguma relação com briga de torcidas", disse Castro. Os disparos foram feitos por pessoas que estavam em um Palio vinho e em uma moto, segundo Castro.

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