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Notícias / Agronegócios

Apesar do otimismo, cenário para a comercialização da soja ainda é incerto

Da Redação/Alline Marques

Os agricultores no país são duramente criticados. Muitas vezes denominados de “caloteiros” pelas altas dívidas adquiridas nos últimos anos e que não são pagas, além das inúmeras renegociações com o governo Federal.

Com a crise financeira mundial, desencadeada em setembro do ano passado, os produtores de soja de Mato Grosso se assustaram, porém conseguiram manter a produção estável e com a recuperação dos preços, mesmo que gradativa, os sojicultores vão conseguir ao menos quitar parte dos débitos. Mas, apesar do otimismo, o cenário ainda é uma incógnita, pois com a desvalorização do dólar e com Chicago Board of Trade (CBOT) com mercado invertido, as perspectivas de preços futuros ainda são incertas. Isso tem dificultado a viabilização das últimas compras para a safra 2010 ou o início das vendas de contratos futuros.  

Sendo assim, os produtores estão fazendo troca dos insumos de soja para 2010 por milho, que será colhido nos próximos dias. Cabe ao produtor buscar meios de se capitalizar para garantir boas compras.

“Os produtores mais trabalham para segurar a economia do Estado e do país do que a própria. Porque se deixassem de produzir talvez estivessem bem melhor. Mas como estaria o país? Vemos a influência que o agronegócio tem no país e nas exportações”, defende o secretário de Desenvolvimento Rural do Estado, Neldo Egon, que sai em defesa dos agricultores.

Nelgo Egon alega ainda que os produtores assumem o compromisso que não podem ser honrados, porém com a esperança de que consigam quitar seus débitos adquiridos nas últimas três safras.

“Mas não se pode esperar que as dívidas de três safras sejam sanadas em apenas uma. Isso gerou maior problema para os produtores, porque não podiam sair da atividade, precisaram continuar mesmo sabendo que não poderiam honrar com os compromissos, mas se não se assume o compromisso também não recebe linha de crédito. Então muitas vezes o produtor faz o acordo na esperança de solucionar o problema dele e para continuar na atividade. Essas conseqüências é o que gerou problema no ano passado”, relata.

O secretário fez um retrospecto e diz que o produtor sofre com as dívidas adquiridas nas últimas três safras e por isso precisa de um prazo maior. “Entendemos que os agricultores passaram por muitos anos com problemas, tais como, climáticos, desvalorização da moeda e prejuízos de doenças com a ferrugem. Isso deu um acumulo de débitos ao setor que não têm condições de serem liquidados em um ou dois anos, seria preciso uma diluição maior”, explicou.

Quanto à questão do calote, Neldo diz que é preciso pensar em toda a cadeia produtiva do setor. “Quando se quer debitar o ônus ao produtor e ele deixa de produzir ou deixa de ter renda, é só ele e a família dele que sofrem ou toda a cadeia de máquinas, combustível, implementos, e todos os segmentos que vivem do agronegócio?  Quando se chama um produtor de caloteiro ele tem que olhar para a mesa dele?  Primeira coisa que ele tem que olhar é de onde sai o produto e alimento que consumimos”, rebate.

Egon destaca ainda que o produtor precisa ter renda, pois o que ganha tem sido para custear a produção e quitar dívidas. É preciso encontrar meios para que os agricultores voltem a ser estimulados, afinal além do problema financeiro, existe a questão do desmatamento. A rigidez da legislação ambiental tem prejudicado a produção no Norte do Estado e desanimado os produtores.

Apesar desse cenário insatisfatório, existem boas notícias. A China voltou a demonstrar sua supremacia na compra dos grãos do Estado e nesse mês de abril alcançou 62% da soja embarcada.

De acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), nos últimos 10 anos a China se consagrou no mercado consumidor mundial, prova disso que em 1998 o país adquiria cerca de 9% das exportações de soja em grão de Mato Grosso, já em 2008 a participação do maior consumidor mundial atingiu 36% do total embarcado do Estado.
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