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Arsenal de remédios poderá ajudar a acabar com a Aids, diz OMS

Bem Estar

A Organização Mundial de Saúde (OMS) se prepara para lançar neste domingo (22), na Conferência Internacional sobre a Aids, em Washington, nos EUA, seu primeiro relatório global sobre resistência aos medicamentos anti-HIV em países de baixa e média rendas.

A entidade também planeja diretrizes para a administração de remédios antirretrovirais como prevenção para pessoas saudáveis. A chave é encontrar uma maneira de administrar melhor os últimos avanços, disse Hirnschall em uma entrevista à AFP durante visita à capital americana.

Trinta anos depois da explosão da epidemia de Aids, ainda não foi encontrada uma cura para a doença, mas um crescente arsenal de remédios poderá, algum dia, ajudar a pôr fim a novas infecções, afirmou o diretor do departamento de HIV/Aids da OMS, Gottfried Hirnschall.

Os remédios antirretrovirais podem reduzir o risco de que as pessoas infectadas transmitam o vírus e evitar que indívuos saudáveis sejam infectados por meio de relações sexuais com parceiros soropositivos, apesar de essas novas possibilidades gerarem controvérsias.

Só em 2010, esses medicamentos salvaram cerca de 700 mil vidas em todo o mundo, algo extraordinário segundo os especialistas.

As conquistas nas pesquisas e o progresso em alguns países "demonstram que é possível avançar muito significativamente na ampliação da resposta e inclui começar a pensar na eliminação das novas infecções", disse Hirnschall.

O mundo tem agora 26 antirretrovirais (conhecidos como ARV) no mercado e outros mais em desenvolvimento para o tratamento de pessoas com o HIV, que infectou 60 milhões de pessoas e matou 25 milhões desde o início da epidemia.

"Temos um arsenal bem grande de drogas disponíveis", afirmou Hirnschall, levando em conta que os medicamentos são melhores agora do que costumavam ser – menos tóxicos, mais robustos, menos propensos a desencadear resistência e mais toleráveis –, embora ainda não são perfeitos.

Os efeitos colaterais continuam sendo uma preocupação e as autoridades estão vigiando cuidadosamente o surgimento de resistências. Estudos recentes demonstraram os benefícios potenciais de iniciar o tratamento mais cedo, antes que a carga viral fique muito alta, como uma forma de proteger a saúde das pessoas infetadas e diminuir o risco de transmitir a doença ao parceiro.

Antirretrovirais para evitar o HIV
A pesquisa sobre o uso dos ARV como forma de prevenir o HIV em pessoas sãs – método conhecido também como 'profilaxia pré-exposição' (PrEP) – mostrou resultados contraditórios.

Eles foram promissores em casais heterossexuais e gays que tomaram as pílulas. Contudo, um importante estudo em mulheres africanas não mostrou nenhum tipo de proteção dos ARV em comparação com um placebo.

"Isso, provavelmente, será o centro do debate na conferência: quando é apropriado iniciar o tratamento e como aproveitar ao máximo as vantagens dos antirretrovirais para a prevenção em um sentido mais amplo", disse Hirnschall.

A Agência Federal de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos EUA anunciou nesta segunda (16) a aprovação do Truvada, do laboratório Gilead Sciences, como a primeira pílula para ajudar a prevenir o HIV em alguns grupos de risco.

"O Truvada é para utilizar na profilaxia prévia à exposição em combinação com práticas de sexo seguro para prevenir as infecções do HIV adquiridas por via sexual em adultos de alto risco. O Truvada é o primeiro remédio aprovado com esta indicação", afirmou a FDA.

O Truvada é encontrado no mercado americano desde 2004 como tratamento para pessoas infectadas com HIV e indicado em combinação com outros remédios antirretrovirais.

Muitas pessoas estão preocupadas com a ética da prescrição de medicamentos contra o HIV para indivíduos saudáveis, pois um grande número de infectados em todo o mundo ainda não tem acesso a tratamentos que salvam vidas.

Alguns grupos de alto risco continuam sendo difíceis de alcançar, como profissionais do sexo e usuários de drogas injetáveis, muitas vezes excluídos do tratamento em decorrência de leis restritivas.

"Em muitos países onde (os usuários de drogas) constituem o grupo de maior risco, eles têm menor acesso ao tratamento", disse Hirnschall.

A profilaxia pré-exposição "é um enfoque promissor. Acreditamos que, provavelmente, se transforme em um nicho de intervenção de certos indivíduos em que outras prevenções podem não ser acessíveis ou difíceis de implementar", disse Hirnschall.

"Há muito poucas pílulas mágicas, mas essa é uma intervenção adicional que poderá se somar ao arsenal de intervenções que temos", disse Hirnschall. "O objetivo não é só fixar as políticas, mas realmente ter a capacidade e os recursos necessários para colocá-las em prática".

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