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Brasil terá papel central na OMC para disciplinamento do câmbio, diz embaixador brasileiro na entidade

ABr

O embaixador brasileiro na Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo, disse hoje (24) que o Brasil terá papel central para o disciplinamento da taxa de câmbio nas relações econômicas internacionais. O tema foi levado ao órgão pela representação brasileira e enfrenta resistência de outros países, segundo Azevedo, especialmente os que são favorecidos economicamente pelo câmbio. Para o embaixador, essas economias mantêm suas moedas desvalorizadas para favorecer suas exportações, prejudicando os países emergentes.

“Colocar o tema na OMC não foi fácil, e é apenas o começo do caminho. A impressão que temos é que, no momento em que o Brasil deixar de empurrar a carroça, essa carroça pare. Não há dúvida”, disse durante evento na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que discutiu os impactos do câmbio sobre o comércio internacional. A OMC promoveu, em março deste ano, um seminário para discutir a questão, por iniciativa do governo brasileiro.

“Agora o número de países que entendem o problema é maior. O que não quer dizer que esses países estão convencidos de que é preciso encontrar uma solução a partir da OMC”, destacou Azevedo. De acordo com o embaixador, a expectativa é que se criem mecanismos para disciplinar o desalinhamento cambial que gera distorções para a economia de diversos países.

“Câmbio, por definição, é um problema bilateral. O maior problema que nós temos hoje é apresentar um arcabouço de discussões que interessem a países que estão na zona de conforto. Temos que fazer uma discussão que mostre que quem está no conforto, pode sair amanhã. Precisamos traçar mecanismos que permitam aliviar os países que estão na zona de desconforto, sem impedir os fluxos de comércio”, disse.

Ele criticou a forma como o tema é tratado historicamente. “No passado, todas as vezes que o câmbio foi um fator de desconforto para as economias centrais, as soluções nunca aconteciam nos foros internacionais. Os países centrais se reuniam e forçavam as decisões. Ali se dava o acordo”, analisou.

Roberto Giannetti, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, avalia que a situação da indústria brasileira em relação ao câmbio é mais favorável este ano, tendo em vista que a taxa está em um patamar de R$ 2. “Isso demonstra que o governo federal reconheceu o problema. O governo soube evitar as anomalias da política de câmbio flutuante. Acho que foi perfeitamente aceitável e legítima atuação que foi feita até agora”, declarou.

Giannetti aposta em uma taxa cambial ainda mais favorável à indústria nacional. “Mudou o patamar do câmbio no Brasil, mas a taxa cambial a R$ 2 ainda não é suficiente. Ainda há sobrevalorização [do real] da ordem de 15% a 20%. Intuitivamente, a indústria tem dito que o ideal seria um câmbio em torno de R$ 2,20 a R$ 2,30. Acredito que vai chegar a este valor dentro de 12 a 24 meses. A economia demora para produzir efeitos, mas o equilíbrio tende a acontecer”, disse.


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