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Notícias / Educação

"Ministros não falam a mesma língua", dispara deputado sobre greve nas universidades federais

De Brasília - Vinícius Tavares

Os ministros do governo Dilma Rousseff não estã falando a mesma língua quando o assunto é o fim da greve das universidades e institutos federais. A avaliação é do deputado federal Nilson Leitão (PMDB-MT) após mais um dia de greve sem solução para alunos e professores.

Segundo ele, enquanto o ministro da Educação Aloísio Mercadante está mais sensível às reivindicações de professores e funcionários e tenta buscar atender as principais demandas do setor, a ministra do Planejamento Mirian Belchior não cede às pressões e diz que o governo não tem margem para reajustes e mudanças nos planos de carreira.

A proposta em questão apresentada por professores e funcionários unifica as carreiras tanto das universidades quanto dos institutos federais de ensino e reajuste os salários dentro de um crescimento escalonado.

"O Mercadante foi favorável à proposta, mas o desejo dele não é decisivo. Ele acatou a proposta do comando de greve e diz que vai encaminhar o assunto à ministra Mirian Belchior, num claro sinal de que não é ele quem decide. Está tudo nas mãos do Planejamento. Quem manda é ela", declarou.

O tema foi discutido nesta quarta-feira (22.8) durante audiência pública na Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal. Professores, alunos e professores protestaram com faixas, cartazes e máscaras. Gritando palavras de ordem, eles afirmam que manterão a paralisação até que seus pleitos sejam atendidos.

Ao final da audiência eles usaram o bom humor ao fazer uma crítica ao momento político vivido pelo país, mergulhado em meio a escândalos de corrupção.

"Eu quero piso, quero carreira, O meu dinheiro não é do Cachoeira", gritaram em alusão à CPI que investiga ligações entre o bicheiro, empresários e políticos.

Docentes e técnicos-administrativos das universidades federais e institutos de educação superior estão há quase três meses com as atividades paralisadas. Segundo o Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), 56 instituições continuam em greve após rejeitarem proposta do governo.

De acordo com a Agência Brasil, os docentes foram os primeiros a entrar em negociação, ainda em julho. O governo propôs reajustes que iam de 25% a 40%, mas a categoria não aceitou por considerá-los insuficientes para atender as demandas mais urgentes e não resolver os problemas centrais das carreiras.

Uma nova proposta, segundo o Planejamento, não será feita. O impasse, portanto, continua, mas o órgão sinalizou que pretende incorporá-la, mesmo sem aprovação dos professores, no orçamento de 2013. Já os técnicos-administrativos das universidades federais receberam proposta na última quarta-feira (15/8). O reajuste apresentado foi de 15,8% fracionado até 2015, mas também rejeitaram.

O governo retomou as negociações na semana passada e prometeu uma contraproposta à reivindicação da Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef) para equiparação e reajustes de salários. No entanto, manteve a proposta padronizada que fez à maioria das categorias (reajuste de 15,8% ao longo de três anos) e frustrou os manifestantes, que alegaram que a proposta não recupera perda salarial de 23% desde 2008. Sindicalistas acreditam que o governo não deve rever, pelo menos por agora, o percentual oferecido. Por isso, a greve não deve ter solução imediata. Os técnicos-administrativos de outras instituições, como as da Bahia e da UFMT resolveram aceitar o reajuste.

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