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Auxiliar de limpeza diz que ficou pelada em escola por sumiço de R$ 4

G1

Uma auxiliar de limpeza servidora da Prefeitura de Arapongas, no norte do Paraná, teve que ficar nua e passar por revista íntima, em uma escola municipal, após o suposto sumiço de R$ 4 da bolsa de outra funcionária. O constrangimento ocorreu em 2007 e a auxiliar decidiu procurar um advogado. Nesta quarta-feira (22), o Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná publicou a sentença que determina que a gestão municipal indenize a funcionária em R$ 5 mil, por dano moral.

Tanto o município quanto a auxiliar de limpeza podem recorrer da decisão. O advogado dela, Alexandre Vieira, já anunciou que vai apresentar recurso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) por entender que o valor é irrisório diante da situação em que a cliente dele foi exposta.

Eu me senti como uma criminosa, como se eu estivesse devendo algo, mas todas nós somos trabalhadoras, lutamos para sobreviver, é muita humilhação"
Auxiliar de limpeza, que pode ser indenizada

A profissional, que preferiu não ser identificada, contou ao G1 como tudo ocorreu. Segundo ela, mais oito auxiliares de limpeza tiveram que tirar a roupa.

Após o recreio, a então diretora da escola chamou todas as auxiliares para uma reunião na cozinha e disse que R$ 4 haviam sumido da bolsa de uma funcionária. “Ela já foi falando que entre nós tinha uma ladra, que ia revistar e aí todo mundo já foi colocando a mão no bolso para mostrar que não tinha nada (...) Ela [ a diretora] olhou as bolsas, os bolsos e até dentro dos maços de cigarro e não encontrou nada”.

Depois desta primeira busca, a auxiliar que teria sido furtada sugeriu que todas fossem revistadas individualmente. “Então, a gente falou para chamar a polícia, mas a diretora não quis”, lembrou a auxiliar de limpeza.

As mulheres tiveram que entrar na dispensa da escola, uma por vez. “Eu tirei toda a roupa, blusa, sutiã e calcinha. Foi uma vergonha, um constrangimento que eu não sabia o que fazer”, disse a auxiliar que comentou que só agora consegue falar sobre o que ocorreu sem chorar. “Eu me senti como uma criminosa, como se eu estivesse devendo algo, mas todas nós somos trabalhadoras, lutamos para sobreviver, é muita humilhação”, desabafou.

Em seguida, todas voltaram ao trabalho como se nada tivesse acontecido. “Algumas choraram, outras passaram mal, acho que ninguém tinha passado por aquele constrangimento antes”. Segundo a auxiliar de limpeza, a diretora era muito temida, gritava e fazia ameaças.

“Fiquei sem orientação, muito nervosa, mas eu não tinha medo dela. Eu era novata e ela não sabia como me coagir, fiquei revoltada. Ela fez uma reunião depois ameaçou transferir a gente e disse que se a agente achava que tinha algum direito, quer fossemos atrás”, contou a profissional que foi a única que decidiu procurar a Justiça. Ela mencionou que o medo das colegas era tanto que apenas duas quiseram ser testemunha na ação judicial.

O dinheiro não foi localizado e a diretora foi afastada do cargo. Hoje leciona em outra escola de Astorga.

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