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Atrações de Sevilha como o Barrio Santa Cruz e Real Alcázar guardam herança mourisca e judia

Folha Online

Apesar de não ser banhada pelo mar, Sevilha já foi o mais importante porto do mundo. Desta cidade, era feito o controle de todo o comércio entre a Espanha e suas colônias no Novo Mundo. Sevilha revela em sua arquitetura o passado mouro-cristão e, em sua cultura, o flamenco.

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A publicação classifica as cidades européias de acordo com vários quesitos como gastronomia, romance, vida noturna e "bom e barato". Sevilla recebeu cinco estrelas na pontuação geral.

Destaques
O centro histórico de Sevilha é dominado por dois símbolos de poder e riqueza, o Real Alcázar e a Catedral, com sua emblemática Giralda - a torre de tijolos ricamente trabalhada. Perto daqui, a herança mourisca e judia de Sevilha se mantém ardilosamente viva nas ruas estreitas do Barrio Santa Cruz, a leste da catedral, onde se concentram os mais finos bares de tapas. Ao sul da catedral, os edifícios construídos para a Exposição Universal de 1929 ainda são utilizados; estudantes se agrupam e cidadãos passeiam à sombra das frondosas árvores do Parque María Luisa, com sua grandiosa Plaza de España e seus dois museus. El Arenal, a oeste da catedral, outrora uma planície arenosa e fértil banhada pelo rio Guadalquivir, envolve a praça de touros de Sevilha e hoje é uma área ribeirinha com teatro, excelentes tapas e a fina arte do Hospital de la Caridad. Ao sul, as margens supervalorizadas de Triana concentram bares e restaurantes; as ruas secundárias escondem tradição e belos azulejos. Um aglomerado de praças e ruas de comércio completa o centro velho de Sevilha (Centro), com igrejas barrocas nas ruas laterais. Perto daqui, a tranquila San Vicente abriga o fino Museo de Bellas Artes. Em La Macarena, ao norte, há simpáticos bares típicos, mercados animados e becos silenciosos que escondem conventos e igrejas gótico-mudéjar. Na ilha fluvial Isla de la Cartuja realizou-se a Expo 92.

Atrações

No início do século 15, 150 anos após Sevilha ter sido tomada pelos cristãos, construiu-se uma catedral no lugar da antiga mesquita. O resultado foi Santa María de la Sede, um edifício gótico impressionante, repleto de tesouros artísticos em suas 50 capelas e com uma imensa estrutura central de cinco naves. O minarete da mesquita, hoje a soberba torre Giralda (um símbolo da cidade), foi mantido como campanário e pode ser escalado através de rampas; o bonito Patio de los Naranjos, a área mourisca das abluções, também permanece. O interior da catedral combina grandiosidade, amplidão e solenidade; externamente, é considerada a mais bela e importante catedral da Andaluzia.

O atual Alcázar deve a sua aparência mourisca (arcos em ferradura, estuque, caligrafia arábica e tetos em caixotão) não aos governantes mouros (pouca coisa restou desse período), mas aos reis castelhanos Afonso X e seu filho Pedro I. Além de palácio suntuoso e residência para os convidados da realeza espanhola, o Alcázar era uma fortaleza considerável, como se pode ver pelas paredes grossas quando se atravessa a vermelha Puerta del León. Por ela se chega a um grande pátio onde o entourage real se reunia para partir para as caçadas. Ele é dominado pela impressionante fachada do palácio principal dos reis de Castela (inscrições sobre a glória de Alá - Pedro I foi um homem espiritualizado - juntam-se a outras mais convencionais, em latim, que proclamam a grandeza real). À esquerda está o Patio del Yeso, uma das poucas estruturas mouriscas que ainda restam. Atravessando o pátio chega-se às dependências de onde Fernando e Isabel controlavam os negócios no Novo Mundo. Fernão de Magalhães planejou aqui a sua viagem, e há um importante retablo desse período da Virgen de los Navegantes. Há ainda um imenso jardim para se caminhar; ande por entre as árvores e aproveite para relaxar das caminhadas pelo frenético centro.

Museo de Bellas Artes
A maior galeria de arte de Sevilha, instalada em um pitoresco convento dos séculos 17 e 18, é visita obrigatória. Muito bem organizada e graciosamente despojada, guarda um tesouro incalculável de arte espanhola dos séculos 15 a 20, que inclui El Greco, Velázquez, Murillo, Zurbarán e um dos últimos retratos de Goya.

Barrio Santa Cruz

Onde antes vivia a maior parte da população judaica de Sevilha, o pitoresco bairro de Santa Cruz é hoje o mais charmoso da cidade: uma teia de ruelas só para pedestres interliga bonitas pracinhas com muitas laranjeiras e terraços floridos. Embora a área atraia muitos turistas, é fácil escapar deles. O bairro conta também com bons hotéis, restaurantes e lojas. Os locais de interesse são poucos, como a excelente igreja barroca Santa María la Blanca e o Hospital de los Venerables -- tel 954-562696, diariam 10h-13h30, 16h-19h, 4,75 euros, mas o maior prazer é caminhar sem destino para ver aonde se chega.

Ao sul da Catedral

Grande parte do sul da Catedral é tomada pela grande área verde do Parque María Luisa. Aqui foi realizada a Exposição Universal de 1929, com a qual o ditador Primo de Rivera esperava atrair os holofotes mundiais para Sevillha e a Espanha. O legado é um parque público e uma série de belas construções. A Plaza de España é um amplo espaço cercado de colunas, e o Hotel Alfonso XIII, a noroeste, é um dos mais suntuosos da Espanha. Ao lado, a Antigua Fábrica de Tabacos --C San Fernando 4, tel 954-551000, seg-sex 8h-20h30, grátis -- é a fábrica de cigarros que, no século 19, foi imortalizada em Carmen; hoje é usada pela universidade. Dois pavilhões foram transformados em importantes museus: o colorido Museo de Artes y Costumbres Populares de Sevilla -- Pl de América 3, tel 954-232576, ter 14h30-20h30, qua-sáb 9h-20h30, dom 9h-14h30, grátis para residentes na UE, 1,50 euros para os demais -- e o rico Museo Arqueológico --Pabellón de Bellas Artes, Pl de América s/n, tel 954-232401, mesmos dados de funcionamento. Caminhar por esta parte da cidade é ter uma visão de um fascinante conjunto arquitetônico construído poucos anos antes de a Guerra Civil mergulhar Sevilha em décadas de miséria e monoculturalismo.

El Arenal

Construído no século 19, El Arenal abriga alguns dos principais marcos de Sevilha. A Torre del Oro -- Paseo de Colón s/n, tel 954-222419, ter-sex 10h-14h, sáb-dom 11h-14h, 2 euros -- é uma impressionante torre mourisca. Seu acervo é pobre, mas vale a pena ver as gravuras de Sevilha do final do século 16.

La Maestranza -Paseo de Colón 12, tel 954-224577, www.realmaestranza.com, diariam. 9h30-20h exceto dias de tourada (primavera e verão dom e a semana toda durante a Feria), quando abre 9h30-15h, 4 euros -- é um dos templos das touradas na Espanha.

O Hospital de la Caridad - C Temprado 3, tel 954-223232, seg-sáb 9h-13h30, 15h30-19h30, dom 9h-13h, 5 euros -- é uma antiga enfermaria que abriga um notável acervo de arte sevilhana do século 17, como os trabalhos de Juan de Valdés Leal. O rio Guadalquivir constitui outra grande atração; embora não haja mais galeões partindo para o Novo Mundo, a área tem muitos bares ao ar livre, barcos de cruzeiro e canoas para alugar.

Triana

Triana é, para muitos, o que Sevilha tem de melhor. A movimentada região à Torre del Oro beira-rio, com sua longa sequência de bares e restaurantes, foi por muito tempo o bairro cigano e berço do flamenco na cidade (nas ruas paralelas ainda se encontram bares onde acontecem apresentações de improviso). Triana também é famosa pelas cerâmicas; a maioria dos azulejos que decoram as casas sevilhanas é produzida em seus muitos ateliês. É um lugar muito diferente do resto da cidade, e os trianeros ainda são um grupo social de poucas palavras. Muitos deles viviam nos corrales de vecinos, as casas erguidas ao redor de um pátio comum, das quais ainda restam algumas. Embora atualmente o movimento se concentre às margens do rio, caminhe pelas ruazinhas paralelas para ver o que Triana ainda preserva de sua história.
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