Com o mochilão nas costas e o tradicional cajado na mão, Zé Roberto Guimarães pagou mais uma de suas promessas ao terminar o famoso Caminho de Santiago de Compostela, cujo percurso mais tradicional consiste em um trajeto de 800km, percorridos a pé da cidade francesa Saint-Jean-de-Port até o vilarejo que dá nome à jornada, no noroeste da Espanha. Ao completar a viagem, o técnico e único brasileiro tricampeão olímpico comparou o prazer da aventura à sensação da conquista de sua terceira medalha de ouro nas Olimpíadas, nos Jogos de Londres, no comando da seleção brasileira feminina.

- Quando você chega em Santiago, depois de uma caminhada de 800, 200, 300 ou 100 quilômetros, como nós fizemos, com dores e tudo mais, acho que vale a pena. Você entra na igreja, a igreja toda cheia, todo mundo rezando, é um momento único. Assim como o momento único de ganhar uma medalha de ouro e ouvir o hino do Brasil e ver a nossa bandeira no lugar mais alto. Eu pagaria não sei quantas vezes isso aqui, vale a pena, porque para chegar numa medalha de ouro vale qualquer sacrifício e eu faria tudo de novo – disse o treinador ao “SporTV News”.

O caminho de Santiago de Compostela, traçado há mais de 1.200 anos, é uma das rotas de peregrinação mais famosas do mundo. Por lá, todos os anos, passam cerca de 200 mil pessoas. Os primeiro devotos vinham em busca de milagres e purificação. Hoje, a jornada tem diferentes motivações. A rotina começa antes do sol nascer. Por volta das quatro horas da manhã já é possível ver os primeiros peregrinos. Eles percorrem em média 20 km por dia durante oito horas.

- Eu sofri um tanto. Caminhar num sol desses, 20, 22 km por dia, é dor no pé, na canela, no joelho, no quadril. Foi terrível – disse o treinador.
Zé Roberto posa em frente à catedral de Santiago de Compostela (Foto: Reprodução SporTV)Zé Roberto posa em frente à catedral de Santiago
de Compostela (Foto: Reprodução SporTV)

Zé Roberto é um supersticioso assumido. Com tantas vitórias, tornou-se um pagador de promessas. Só em Santiago, já foram duas vezes. Em 2003, ele andou durante 28 dias.

- Acho que não custa nada. Se der certo, acho que vale a pena pagar, mas tem que pagar se não as próximas não darão certo. Eu acredito muito, tenho muita fé e vou continuar fazendo pelo resto da vida – disse.

Existem diferentes pontos de partida para completar o caminho. A mais tradicional começa na cidade francesa de Saint-Jean-de-Port e tem 800km de extensão. O final é sempre o mesmo: a catedral da cidade de Santiago de Compostela, em solo espanhol. O lugar onde supostamente está o túmulo de Tiago, um dos apóstolos de Jesus Cristo.

- Aqui não importa quem você é, qual é o seu status de vida, o que você tem, o que você deixou de ter. Você é mais um no caminho tentando levar sua fé cada vez mais alto – afirmou o treinador.