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Universidades não sabem agir em casos de emergência, diz porta-voz dos bombeiros

R7

Documento que comprova existência de brigada anti-incêndio, bombeiros espalhados em pontos estratégicos e ambulatório de plantão. Tudo obrigatório, mas não suficiente para salvar uma vida em um local de grande circulação de pessoa se não houver também a disseminação de informação sobre como agir em casos de emergência e primeiros socorros, segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros de São Paulo, tenente Marcos Palumbo.

No final de agosto, uma jovem de 28 anos morreu dentro de uma unidade da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), na zona sul da capital paulista, após passar mal. Testemunhas disseram que a universitária foi socorrida primeiramente por alunos. Elas também denunciaram que o estabelecimento não teria infraestrutura adequada para situações de emergência. Já o marido da estudante Angelita Pinto disse que foi informado que não havia médico e enfermeira quando sua mulher passou a agonizar. A FMU diz que demorou três minutos para chamar o socorro.

— É preciso disseminar mais as informações sobre o que fazer em casos de emergência. Isso envolve a participação de todos. Na FMU, por exemplo, faltou isso. Me parecia que eles não sabiam o que fazer [sic]. Esse não é um problema só nas faculdades, mas nos estabelecimentos em geral da cidade.

De acordo com Palumbo, além de ter uma brigada de socorro bem preparada, que conheça o mapa de risco e o que deve ser feito em caso de uma emergência, é essencial que as universidades tenham funcionários bem treinados para iniciar as “manobras de emergência” até a chegada do socorro oficial.

— No caso de um resgate de uma pessoa que está passando mal, cada minuto que vítima fica sem batimentos cardíacos e respiração, ela perde chance de ser salva. Depois de dez minutos, a chance é muito pequena de a pessoa ser salva. Um minuto para gente é muito precioso.

Desinformação

Aluno do segundo semestre de Gestão Ambiental da unidade da Barra Funda da universidade Uninove, na zona oeste de São Paulo, Leandro da Silva Santos, conta que não sabe, por exemplo, onde fica o ambulatório médico do campus. Além de estudante, Santos também é bombeiro. Ele critica a “falta de informação” na universidade sobre onde e como buscar ajuda em caso de necessidade.

— O que deveria ter nas faculdades é, no ato da matrícula, a pessoa receber uma integração, ou seja, receber informações sobre a estrutura que o local oferece, treinamento sobre com proceder em emergências, distribuir um material por escrito. Se eu precisar, onde pedir ajuda? Aqui, por exemplo, eu não sei onde fica o desfibrilador externo [aparelho de reanimação cardíaca obrigatório em certos locais].

Além de Santos, vários outros alunos da Uninove entrevistados pelo R7 não sabiam informar onde fica o ambulatório da unidade na Barra Funda, ou como agir em caso de emergência.

O estudante Bruno Belintalli, 23 anos, que cursa o primeiro semestre de Publicidade, diz que “sempre vê bombeiros circulando pela faculdade”, mas não “tem ideia” se a Uninove tem ambulatório e o que fazer em caso de socorro.

— Faz pouco tempo que comecei as aulas. Não deu tempo de descobrir isso. Mas nunca me disseram nada.
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