Imprimir

Notícias / Política BR

Dirceu afirma a jornal que não vai fugir do Brasil caso seja condenado

G1

O ex-ministro da Casa Civil e réu no processo do mensalão, José Dirceu, afirmou em entrevista ao jornal ˜Folha de S. Paulo” publicada na edição desta segunda-feira (17) que "não vai fugir do Brasil" caso seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo a colunista Mônica Bergamo, José Dirceu recebeu a reportagem em seu apartamento, em São Paulo, na última sexta-feira (14). O ex-ministro da Casa Civil disse estar bem e que não tem intenção de sair do país para evitar uma possível prisão.

"Essa história que inventam de que vou sair do Brasil não combina comigo", disse Dirceu ao jornal. "Saí [na década de 60] porque fui expulso do país. Cassaram a minha nacionalidade. Eu era um apátrida, não podia viajar. Quem me impedia de voltar era a ditadura militar. E mesmo assim eu voltei para o Brasil, duas vezes, colocando a minha própria vida em risco. Eu iria embora agora?".

O G1 não conseguiu falar com o advogado José Luís de Oliveira Lima, que defende José Dirceu no caso do mensalão, sobre a entrevista.

O ex-ministro admitiu que seu partido, o PT, "tem defeitos". "Mas se tem algo que não conhecemos no PT é a palavra covardia. A chance de eu fugir do Brasil é nenhuma. Zero", disse.

José Dirceu afirmou ainda que não lhe falta companhia e que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva liga “um dia sim, um dia não para saber como ele está”, informa a reportagem.

"Eu não estou deprimido. Eu não tenho razão para estar deprimido. Eu tenho objetivos, metas, sonhos", disse Dirceu ao jornal.

O ex-ministro afirmou que não daria declarações sobre o mérito do processo do mensalão até o final do julgamento, mas disse confiar na justiça.

"Não é que não tem prova no processo contra mim. Eu fiz a contraprova. Eu sou inocente. Eu confio na Justiça." Mesmo absolvido, porém, Dirceu disse que "isso não vai acabar". "Em sete anos [desde que estourou o escândalo], eu não tive a presunção da inocência. Por que vou ter a ilusão de que isso vai ocorrer, mesmo que eu seja considerado inocente pelo Supremo?", afirmou.

Dirceu afirmou que, enquanto o julgamento não estiver concluído, não vai sofrer por antecipação. "Na hora em que acontecer, vou ver o que fazer."
saiba mais

STF inicia análise de acusações contra Dirceu e outros políticos
Após confirmar 'valerioduto', STF vai averiguar se existiu compra de votos

"A expectativa que eu tenho? Eu fui cassado pela Câmara dos Deputados [em 2005] sem provas. De lá para cá, eu sofri um linchamento como corrupto e quadrilheiro. Eu estou preparado para qualquer resultado", afirmou o ex-ministro ao jornal.

"E não vou deixar de fazer o que sempre fiz, que é lutar. É ilusão achar que eu vou... não faz parte da minha personalidade eu me abater. Se alguém tem a ilusão de que, me condenando, cometendo essa violência contra mim, vai me derrubar, pode tirar o cavalinho da chuva", disse José Dirceu.

O Supremo Tribunal Federal começa a decidir nesta segunda-feira (17) se o suposto esquema de pagamento de propina a parlamentares no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o chamado mensalão, realmente existiu.

A sessão desta tarde terá a leitura do voto do relator do processo, Joaquim Barbosa, sobre o item 6 da denúncia, que trata de corrupção passiva e ativa envolvendo a cúpula do governo Lula e deputados da base aliada.

Esse trecho da denúncia traz acusações contra 23 réus, entre os eles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, os deputados federais Pedro Henry (PP) e Valdemar da Costa Neto (PR), além do delator do esquema, Roberto Jefferson (PTB).
Imprimir