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Estudo: felinos têm padrão de manchas individual na pelagem

Terra

Uma pesquisa publicada nesta sexta-feira na Science identificou um gene envolvido na determinação de marcações como listras e pintas na pelagem de felinos. Trata-se da primeira descoberta desse tipo em mamíferos. As manchas na pelagem variam conforme a espécie, e o padrão exato é individual. A partir delas, os cientistas conseguem, inclusive, identificar espécies e indivíduos de felinos na natureza.

O estudo foi liderado pelos grupos de Gregory Barsh, do HudsonAlpha Institute of Biotechnology (EUA), e Marilyn Menotti-Raymond, do National Cancer Institute (EUA), e contou com a participação do professor da Faculdade de Biociências da PUCRS Eduardo Eizirik, além de pesquisadores de várias instituições dos EUA, China, Namíbia e África do Sul.

Em artigo publicado em 2010 na revista Genetics, Eizirik e colaboradores haviam identificado duas regiões no genoma do gato doméstico que continham genes determinantes de listras e pintas. Naquele trabalho, o grupo propôs que esses animais fossem considerados modelos para os estudos genéticos desse fenômeno. Conhece-se, por exemplo, mais de cem genes que influenciam a pigmentação de camundongos, mas nenhum deles era sabidamente envolvido na formação de marcas padronizadas na pele, como pintas e listras, já que essa espécie não apresenta esse tipo de característica na sua pelagem. "Dessa forma, o gato doméstico passou a ser visto como um interessante modelo para um fenômeno que pode ser geral para todos os mamíferos", explica Eizirik.

O estudo atual investigou mais aprofundadamente uma das regiões genômicas identificadas na análise anterior, apontando um dos genes envolvidos nessa característica. O artigo mostrou que mutações nesse gene são responsáveis pela diferença entre os padrões de manchas "clássico" (aka classic ou blotched, com padrão circular) e mackerel tabby (com listras verticais) e também induzem uma variante conhecida na pelagem do guepardo (guepardo real ou king cheetah) na qual as pintas são substituídas por listas irregulares.

"Em mamíferos, não se tinha um gene conhecido envolvido na formação do padrão da pele", destaca Eizirik, para quem essa descoberta é importante para o estudo do desenvolvimento dos mamíferos, e também da evolução das espécies e sua adaptação ao ambiente.

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