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Novo presidente salvadorenho diz que Lula e Obama são referências

Folha Online

O novo presidente de El Salvador, Mauricio Funes, disse hoje que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o líder americano, Barack Obama, serão as referências do mandato de cinco anos que começou nesta segunda-feira.

Funes, que completa 50 anos em outubro, disse no discurso inaugural que, durante a campanha, buscou "os exemplos vigorosos" de Lula e Obama como prova de que "líderes renovadores, em vez de serem uma ameaça, significam um caminho novo e seguro para seus povos".

"O presidente Obama provou que é possível reinventar a esperança e lembro que o presidente Lula dizia que demonstrou que é possível fazer um governo popular, democrático, com uma economia forte", acrescentou.

O novo governante, da esquerdista Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), que lutou durante 12 anos para derrubar governos apoiados pelos EUA até depor as armas em 1992, destacou que sua posse foi assistida por chefes de Estado "que representam modelos e experiências diferentes" e podem oferecer ideias para sua gestão.

Mas esclareceu que sua influência somente será positiva se for possível fazer "uma síntese do que cada um tem de melhor e, criticamente, aplicá-las" em El Salvador, de acordo com suas necessidades e pensamento criador.
Nem o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, nem o da Nicarágua, Daniel Ortega, estiveram presentes na cerimônia, enquanto o boliviano Evo Morales cancelou sua visita neste domingo.

Funes inaugurou o primeiro governo de esquerda em El Salvador, após 20 anos consecutivos de administrações lideradas pela conservadora Aliança Republicana Nacionalista (Arena).

Enquanto o novo presidente fazia um discurso de moderação, os membros do seu partido aplaudiram e gritaram o tradicional canto da esquerda na América Latina: "O povo unido jamais será vencido!".

Desafios

Sem experiência na administração pública, Funes ganhou popularidade ao apresentar um programa de TV em que expunha casos de corrupção. Ele herda uma recessão econômica, a violência generalizada de gangues, e uma população muito polarizada sobre a sua ascensão ao poder do seu partido.

Ele prometeu levantar fundos para a educação e a saúde pública por meio da austeridade fiscal, o combate à evasão, e possivelmente, um imposto sobre o álcool e o tabaco.

Ele terá de conseguir apoio tanto com dos membros mais radicais do seu partido quanto de parlamentares da Arena, que terá assentos suficientes na Assembleia unicameral para bloquear medidas fundamentais, como o orçamento e a aprovação para empréstimos externos.

Funes disse que não vai se "dar ao luxo de cometer erros", como seus antecessores "governando para poucos, sendo complacentes com a corrupção, cúmplices do crime organizado".

Antes da posse, Funes visitou o túmulo do arcebispo Oscar Romero, cujo assassinato em 1980 foi um dos mais chocantes acontecimentos da guerra civil entre um a guerrilha esquerdista apoiado por Cuba e da pela União Soviética e o governo com suporte dos EUA. Mais de 75 mil pessoas morreram nos 12 anos de combates.
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