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Com Cameron, Dilma defende ações brasileiras para enfrentar crise global

R7

Em reunião com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, a presidente Dilma Rousseff defendeu, nesta sexta-feira, a forma como o Brasil enfrentou a crise internacional. Também ressaltou as parcerias firmadas com o governo britânico, principalmente nas áreas de cooperação olímpica, educação, ciência e tecnologia e petróleo e energia.

'O Brasil tem feito a sua parte para a recuperação da crise mundial ao desenvolver incentivos ao crescimento do emprego e da demanda doméstica', afirmou a presidente brasileira em Brasília, ao pedir mais incentivos estatais dos países desenvolvidos a suas economias em crise.

Cameron - que enfrenta uma recessão econômica em casa e veio ao Brasil em busca de oportunidades comerciais - destacou os contratos de '70 milhões de libras (R$ 230 milhões)' assinados por 22 empresas britânicas para projetos relacionados à Copa de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016.

Mas também disse que Brasil e Grã-Bretanha nem sempre concordam e mencionou, rapidamente, que é preciso 'evitar o protecionismo' - em entrevista à Folha de S. Paulo, na última quinta-feira, Cameron afirmou que as medidas tomadas para proteger a indústria nacional, como as adotadas recentemente pelo Brasil, 'têm custos a longo prazo e impedem o desenvolvimento de uma base industrial verdadeiramente competitiva e inovadora'.

Outro destaque da fala do premiê nesta sexta foi sua declaração de apoio a uma reforma da ONU que inclua o Brasil como membro permanente de seu órgão mais importante, o Conselho de Segurança - um antigo pleito brasileiro. O britânico falou que o Brasil está 'assumindo seu lugar no palco global'.

Parcerias

A visita de Cameron ao Brasil incluiu passagens por São Paulo e Rio de Janeiro e resultou na assinatura de acordos diversos: em produção cinematográfica conjunta, em 'legado econômico, social, ambiental e material' na organização de Olimpíadas, na participação do Reino Unido no programa Ciência Sem Fronteiras e em cooperações universitárias, entre outros temas.

A parceria no Ciência Sem Fronteiras é um dos destaques. Segundo o Itamaraty, prevê a ida de até 5 mil estudantes brasileiros para universidades do Reino Unido para cursos superiores de nível técnico entre janeiro de 2012 e agosto de 2016.

A cooperação, segundo o acordo bilateral, prevê 'aumentar de forma significativa o número de estudantes aptos a participar do Programa de Intercâmbio e estudar no Reino Unido' e também de estudantes de doutorado.

No momento, dizem autoridades britânicas, 500 estudantes de graduação estão começando seus cursos em território britânico.

A parceria educacional também prevê a concessão de bolsas de doutorado e pós-doutorado nas áreas de pesquisa energética. Foi assinada uma carta de intenções entre a Universidade de Brasília e a BP (empresa petrolífera britânica) com o interesse de promover 'estudos, pesquisas e projetos científicos relacionados ao setor de petróleo, seus derivados e gás natural relacionados, especificamente, com a Bacia do Parnaíba no Nordeste do Brasil'.

Comércio bilateral e Oriente Médio

Já a cooperação olímpica prevê 'compartilhar práticas' em áreas como planejamento do legado dos Jogos Olímpicos, segurança, transporte, meio ambiente e revitalização urbana.

Tanto Dilma como Cameron falaram em aumentar o comércio bilateral - que, no ano passado, foi de cerca de R$ 22 bilhões, de acordo com a embaixada britânica no Brasil.

A presidente brasileira ainda usou seu discurso para falar sobre os conflitos no Oriente Médio: opinou que 'não há solução militar' para a crise na Síria e criticou a 'crescente retórica em prol de uma ação militar no Irã'.

'Consideramos que só uma ONU reformada pode garantir a prevalência de uma ordem baseada em regras. Neste contexto, eu reiterei meus agradecimentos ao apoio que o governo britânico tem dado ao Brasil para que ocupe um assento permanente na ONU', disse.
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