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Notícias / Agronegócios

Soja lidera altas na BM&FBovespa

Valor Econômico

Com valorização de quase 13%, a soja foi o destaque entre os produtos agrícolas negociados na BM&FBovespa em maio. Em alta no mercado externo, em grande medida por conta da ainda aquecida demanda chinesa, a oleaginosa já acumula alta de mais de 40% na bolsa brasileira.

Os contratos de segunda posição de entrega de soja, normalmente os de maior liquidez, encerram o mês com média de US$ 25,83 por saca de 60 quilos, o que representa alta de 12,92% em comparação com a média do mês anterior, segundo cálculos do Valor Data. A soja é o principal produto das exportações do agronegócio brasileiro tanto em volume quanto em receita.

Embora o consumo de soja por parte da China tenha sido elencado como protagonista da onda mais recente de valorização da commodity, o movimento está ligado a outros fatores. "O petróleo também tem puxado o preço para cima", diz Eduardo Tang, analista da corretora Terra Futuros.

O fator câmbio também é crucial para as altas recentes. O dólar tem se desvalorizado no mundo todo, o que amplia a demanda potencial pelo produto americano.

A razão é que o dólar mais barato torna mais baixo o preço dos estoques americanos para compradores de outros países. A queda da moeda americana tem dado impulso adicional à soja na bolsa de Chicago, referência para a formação de preços no mercado internacional. Também por conta disso, alta nos EUA significa alta no Brasil.

A desvalorização do dólar não contribuiu para o avanço apenas da cotação da soja.

Os contratos de café de segunda posição de entrega encerraram o mês de maio com preço médio de negociação de US$ 142,44 por saca de 60 quilos. A média apurada pelo Valor Data é 11,07% superior à de abril e representa uma alta acumulada de 15,92% no ano.

"A alta dos grãos está muito ligada aos fundamentos", diz Bernardo Coutinho Souza Lima, sócio da Souza Lima Corretora, que atua como agente autônomo na negociação de contratos da BM&FBovespa. "Brasil e Colômbia devem produzir menos este ano, e a previsão para o consumo no mundo é de manutenção ou de queda de apenas 1%".

Produto de maior liquidez na bolsa brasileira, o boi gordo também registrou altas em maio, embora de menor magnitude.

Os contratos de segunda posição de entrega terminaram o mês com cotação média de R$ 81,62 por arroba, uma alta de 4,77% em comparação com a média de abril, segundo o Valor Data. No ano, o preço do boi gordo no mercado futuro acumula alta de 3,29%, na média.

Lima credita parte do movimento ascendente ao fato de os contratos terem atingido anteriormente níveis reduzidos em demasia.

"Chegaram a descer a R$ 70 por arroba. Havia espaço para subir", afirma. No espocar da crise dos frigoríficos, diz ele, muitos pecuaristas preferiram não negociar animais com compradores dos quais havia suspeita de problemas financeiros. A decisão aumentou o plantel disponível.

Na esteira da valorização vivenciada no mercado externo, o açúcar também encerrou o mês em alta na BM&FBovespa. A média apurada nos contratos de segunda posição foi de US$ 18,58 por saca de 50 quilos, que representou avanço de 9,89% em comparação com a média de abril. No ano, a alta do açúcar, de 38,95%, só é superada pelos 40% da soja.

Por outro lado, assim como ocorre no mercado internacional, o açúcar é o único produto agrícola negociado no mercado futuro da bolsa brasileira que acumula valorização nos últimos 12 meses. Segundo o Valor Data, a alta no período é de 29,13%. A demanda internacional pelo produto permanece elevada, com compras em ascensão por parte da Índia.

O cenário para o preço do milho ficará sob a influência do movimento das exportações e dos humores do clima, segundo Eduardo Tang, da Terra Futuros.

Estão previstas para esta semana geadas para o sudoeste do Paraná e o sul de Mato Grosso do Sul, o que puxou altas na semana passada. A previsão para as exportações é de embarques de 8 milhões de toneladas neste ano.

Até o dia 18 de maio - antes, portanto, da adoção da liquidação financeira nos contratos de milho -, o preço médio era de R$ 22,21 por saca de 60 quilos, uma baixa de 1,26%. No acumulado do ano até 18 de maio, a baixa acumulada era de 0,63%.
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