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Com altos e baixos, M. Ramos vira exemplo de superação contra degola

Globo Esporte

Quatro anos ininterruptos de trabalho em um clube tão conturbado quanto o Palmeiras é motivo de alegria para qualquer jogador. E para quem superou enormes dificuldades para isso, melhor ainda. Líder da atual equipe na luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, o zagueiro Maurício Ramos tenta aplicar seu exemplo pessoal para motivar os companheiros em uma luta que parece cada vez mais perdida. Nesta quarta-feira, contra o Bahia, em Pituaçu, o Verdão enfrenta uma equipe que está nove pontos à sua frente na tabela.

Para o zagueiro, nove pontos não são nada perto do que ele já passou. Depois de um início difícil no futebol, no interior de São Paulo, ele só foi se firmar no Coritiba, já em 2008. O bom Campeonato Brasileiro naquele ano chamou a atenção do Palmeiras, que o contratou em meio a várias estrelas no início da administração do ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo. Em quatro anos, são 157 jogos com a camisa alviverde – no atual elenco, só Correa, Márcio Araújo e Valdivia têm mais partidas.

No Palmeiras, muitos altos e baixos: titular em boa parte da campanha de 2009, quando o time brigou pelo título nacional, Maurício perdeu espaço com a chegada do técnico Luiz Felipe Scolari, em 2010. No ano seguinte, ele chegou a ser afastado por Felipão e liberado para negociar com outro clube. No ponto mais triste de sua carreira, ele buscou forças para reagir.

– Tive altos e baixos por aqui e sempre superei. Quando o Felipão me afastou, acabei me dedicando mais, sabia que uma hora ele precisaria de mim. O ser humano é capaz de superar tudo. Se eu superei, os outros podem superar – disse Maurício Ramos, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.

– A gente vê casos aí fora, pessoas superando tantas dificuldades, crianças que superam um câncer, muitos exemplos. É por isso que devemos levantar a cabeça – completou.
Tive altos e baixos por aqui e sempre superei. Quando o Felipão me afastou, acabei me dedicando mais, sabia que uma hora ele precisaria de mim"
Maurício Ramos

Quieto fora de campo, Maurício tem exercido um papel importante de liderança dentro dele. Ao lado de Marcos Assunção e Henrique, é ele quem faz a ponte entre diretoria e jogadores e toma a frente em diversas situações. Por isso, cabe a ele motivar os companheiros mais novos e fazê-los jogar com tranquilidade contra o Bahia.

– Temos de pensar só no Bahia, é o jogo da nossa vida. Não tem outro jogo. Para nós, só existe um jogo daqui até o fim: Bahia. É isso que tento passar para os meus jogadores – afirmou.

O discurso forte, às vezes de cunho religioso, é marca registrada do zagueiro. Como se fosse um técnico, ele chama os colegas de “meus jogadores” e diz que nunca pode tirar a confiança de quem está ao seu lado. O elenco aprendeu a respeitar sua liderança natural.

– Já aprendi muito nessa vida, hoje estou mais maduro. Diariamente, aprendo com o grupo e com esse clube que amo tanto. Só nós podemos mudar isso. É ter cabeça fria, dar o seu melhor, e entender que o jogo do Bahia será o melhor de nossas vidas – discursou Maurício Ramos.

De renegado em 2011 a titular incontestável na atual temporada – com título da Copa do Brasil – Maurício sabe bem como superar obstáculos. É por isso que ele transmite tanta confiança em seu discurso. Com 26 pontos na tabela do Brasileiro e a nove de sair da zona de rebaixamento, o Verdão precisa repetir em campo a superação que um de seus líderes já teve dentro do clube.
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