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Sistema de cotas muda perfil da UFSC

G1

Há cinco anos a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) implantou o sistema de cotas no concurso do vestibular. Desde lá, mais de seis mil estudantes de escolas públicas, negros e índios entraram na instituição através do Programa de Ações Afirmativas (PAA). "Uma maior presença de estudantes de escolas públicas e negros no campus traz para dentro da cultura acadêmica outros repertórios, histórias e culturas negligenciadas ou desprezadas historicamente, ainda que com resistências", afirma a professora Joana dos Passos.

Outra mudança com as cotas, foi o perfil de renda dos ingressantes. Antes 40% dos classificados estavam nas categorias de 10 a 20 e de sete a 10 salários mínimos. Segundo dados de 2012, depois de 2008, as faixas de um a três e de três a cinco salários mínimos passaram a ocupar 47% das vagas.

Uma avaliação do PAA mostra que no período entre 2004 e 2007, antes da implantação da cotas, o percentual médio de classificados vindos de escolas públicas era de 18,1%. Durante os cincos anos de cotas na UFSC, entre 2008 e 2012, o percentual médio passou para 32,1%.

Negros

Até 2007, antes da implantação do sistema de cotas, os negros representavam 1% dos estudantes que ingressavam na UFSC. Em 2012, este índice subiu para 4,6%. Considerando os negros que já estavam na instituição, o percentual evoluiu de 8,5% para 13,3%: um aumento de 56%.

"Não tenho dúvida que a permanência se constitui hoje num desafio para a UFSC, ainda assim, os estudantes negros são os que apresentam a menor taxa de evasão e curiosamente os estudantes que entram pela classificação geral apresentam maior evasão. Por isso, o programa já é um sucesso", diz Joana dos Passos.

Indígenas


Um estudo do Núcleo de Estudos dos Povos Indígenas da UFSC, sobre os alunos indígenas que ingressam na instituição com as vagas suplementares informa que entre 2008 e 2011, foram nove classificados, sendo que apenas quatro ainda estão matriculados.

O trabalho mostra que a divulgação do vestibular não chega às aldeias, há uma burocracia para se conseguir a isenção da taxa e a própria entrevista. Entre os problemas de permanência, está a falta de um apoio institucional maior, o valor das bolsas, insuficiente para eles sustentarem uma família, e fazendo com que a maioria desista do estudo para trabalhar.

"A nova lei estabelece, no âmbito da UFSC, que cada curso deve reservar uma vaga para autodeclarados indígenas de escola pública. O Estatuto do Índio estabelece que os índios são aqueles que são reconhecidos pelo seu povo e se reconhecem como daquele povo. Esse critério pode ser utilizado para evitar fraudes, mas somente após a matrícula, via processo administrativo. Estamos iniciando esse processo de integração", explica Marcelo Tragtenberg, presidente da comissão de acompanhamento do Programa de Ações Afirmativas da Universidade Federal de Santa Catarina (PAA/UFSC).

Nova lei

O governo federal publicou na segunda-feira (15), no Diário Oficial da União, o decreto que regulamenta a lei que garante a reserva de 50% das vagas nas universidades federais, em um prazo progressivo de até quatro anos, para estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas. O critério de seleção será feito de acordo com o resultado dos estudantes no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).

A nova lei, sancionada no dia 29 de agosto pela presidente Dilma Rousseff, reserva 50% das vagas das universidades federais para estudantes que tenham feito o ensino médio integralmente em escola pública. Dentro da cota, haverá a distribuição entre negros, pardos e indígenas, proporcional à composição da população em cada estado.
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