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Mantega diz que é cedo para prever efeitos da entrada de dólares no país

ABr

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje (3) que ainda é cedo para qualquer previsão sobre os impactos da atual entrada de dólares no Brasil e os efeitos da queda no preço da moeda americana na economia do país.

Ele disse que o fluxo atual de câmbio não vai ser “devastador”, como alguns analistas temem, e pode ser um “desafogo” momentâneo da economia internacional, que, por causa da crise, ficou reprimida por muito tempo. "Não me arriscaria a fazer projeções, como estão fazendo por aí, de que vai ser um fluxo devastador, de que agora vai entrar um monte de capital".

Segundo o ministro, é importante levar em conta também a venda de commodities (produtos básicos) brasileiras ao exterior. Isso porque o preço desses produtos registrou alta, com um retorno maior de recursos para os exportadores do setor.

“O Brasil tem uma bolsa de commodities, e elas andaram subindo, mas eu acho que ainda vamos ter volatilidade. Então, não é uma coisa permanente”, afirmou Mantega. De acordo com ele, ainda é cedo para acreditar que vai entrar no país uma enxurrada de recursos externos. Cauteloso, o ministro disse que o volume de recursos pode diminuir e que o governo vem monitorando a situação.
Quanto às especulações de que o governo estuda uma maneira de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para os fundos de renda fixa usados por estrangeiros, Mantega voltou a dizer que não é a intenção do Ministério da Fazenda adotar tal medida..

“As outras áreas do governo podem especular a respeito, mas o poder de decisão está conosco. Eu já disse que eu não estou pensando em colocar IOF, mesmo porque não há um fluxo [grande] nessa modalidade de aplicação financeira. Quando nós colocamos 1,5% de IOF, era porque estava havendo um fluxo exagerado, que atrapalhava a economia”, disse ele, referindo-se a medida neste sentido adotada no ano passado.

Os recursos que vêm do exterior agora vão para o mercado de capitais (Bolsa de Valores) e investimentos, lembrou o ministro. Outra situação é a da empresas brasileiras que, com a crise, não estavam conseguindo empréstimos no exterior. Segundo ele, com a melhora da situação, elas voltaram a captar e estão trazendo recursos para o país. “Então, não é uma questão especulativa, não é uma questão negativa. O câmbio valorizado no Brasil me preocupa, sim, mas não adianta tomar medidas inadequadas, porque elas não resolverão o problema. Não adianta usar a arma errada”.

Questionado sobre a adoção de outras medidas e se a saída seria o governo comprar dólares para reduzir a oferta da moeda no mercado interno, o ministro disse que esse tipo de operação é importante porque o governo pode aproveitar o momento em que o custo do dólar está baixo para se provisionar e se resguardar ainda mais contra a crise. “Vamos pensar no que pode ser feito. É cedo ainda para nós pensarmos. Acho que houve uma euforia que pode até ser passageira, que de repente os investidores deixarão o pique do dólar, a aplicação segura e pouco rentável, e estou pensando em outras alternativas”.

O ministro disse ainda que acha muito bom que venha capital para a bolsa brasileira, porque as empresas nacionais poderão voltar a captar e obter recursos baratos se aproveitarem para abrir seu capital. “Acho importante que venham investimentos diretos externos porque isso vai mobilizar a economia de modo permanente. Dizer: 'Bom, agora vai entrar uma enxurrada de recursos externos' é que vai nos causar um problema sério. Acho que pode parar, pode diminuir. Estamos observando."
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