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Até 20% dos paulistanos com falta de ereção usam estimulante, diz estudo

G1

Um levantamento feito entre 300 homens com problemas sexuais atendidos na cidade de São Paulo revela que 60 deles, ou 20% do total, já usaram pelo menos uma vez algum tipo de estimulante sem orientação médica.

Segundo o urologista Joaquim Claro, que coordena essa área no Centro de Referência em Saúde do Homem, ligado à Secretaria de Estado da Saúde e responsável pela pesquisa, o local atende muitas pessoas com baixo poder aquisitivo que acabam consumindo todo tipo de produto para melhorar o desempenho sexual.

"A maioria são homens novos, entre 20 e 35 anos, que tomam desde chás e plantas como ginseng e ginkgo biloba até remédios tradicionais, como Viagra e Cialis", enumera. Na opinião do médico, os pacientes jovens são mais "corajosos" e acreditam que, se os produtos não fizerem bem, também não devem fazer mal.
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O problema, ressalta Claro, é que esses preparados naturais não têm comprovação científica e podem atrapalhar a saúde da pessoa se ela já tiver algum problema. No caso dos remédios, existem possíveis efeitos colaterais, como dor muscular e de cabeça, rubor facial, congestão nasal, diarreia, alergia e visão dupla. Em situações raras, pode haver cegueira.

"Como os medicamentos são vasodilatadores, relaxam o pênis e aumentam o calibre das artérias não só do membro masculino, mas de todo o corpo", diz.

Entre os fatores que levam um homem a recorrer a um estimulante, segundo Claro, estão a curiosidade, a vontade de apresentar uma melhor performance com a parceira ou o parceiro, a dificuldade de ter uma ereção espontânea e o medo de falhar durante o sexo.

"Indivíduos diabéticos, que sofreram traumas na região genital, usam hormônios como estrógeno e testosterona, antidepressivos, remédios para hipertensão ou problemas psiquiátricos e neurológicos graves podem ter disfunção erétil", explica o urologista.

Segundo Claro, o que ainda freia muitos homens na hora de usar estimulantes é o preço dos medicamentos, e não a falta de receita médica – já que, na prática, muitas farmácias vendem as drogas sem requisição.

Como os estimulantes agem
O urologista do Centro de Referência em Saúde do Homem destaca que nenhum estimulante contém uma fórmula mágica, que funciona instantaneamente ou sozinha, sem estímulos visuais, táteis e sonoros. Além disso, se o homem já for saudável, o pênis não vai ficar mais rígido que o normal após a ingestão do remédio.

"O Viagra leva de 1h a 1h30 para fazer efeito, e dura até 5h. Já o Cialis pode demorar de 3h a 4h, e se mantém entre 24h e 36h, só que não direto – o homem perde a ereção após o orgasmo e terá outra desde que haja estímulo. Se o paciente for trabalhar, por exemplo, nada vai acontecer", diz o médico.

Quem pode tomar
Claro afirma que homens com idade mínima de 16 anos já podem usar estimulantes sexuais antes da relação, desde que um urologista avalie o paciente e recomende o produto. Muitas vezes, segundo o especialista, a impotência tem um fundo emocional, decorrente de insegurança ou problemas psicológicos.

Não há idade máxima para tomar esses medicamentos, mas é preciso saber quais remédios o homem já usa e se ele tem boa condição pulmonar e cardiovascular. Do contrário, pode até morrer durante o sexo, pois se trata de uma atividade física intensa.

"Manter hábitos saudáveis e praticar exercícios físicos são formas de melhorar o condicionamento, a resistência, a circulação, o sexo e a autoestima", enumera Claro. Segundo ele, às vezes pacientes diabéticos "descompensados" só precisam se regrar para ter uma vida sexual mais ativa e eficiente.
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