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Exame para formandos de medicina teve 2,5% de abstenção, diz Cremesp

G1

Apenas 72 dos 2.924 formandos de medicina inscritos para o exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) deixaram de comparecer à prova, informou o órgão. O exame foi aplicado na manhã de domingo (11) em dez cidades paulistas e, a partir de 2012, é obrigatório para que os formandos consigam o registro médico e possam exercer a profissão.

De acordo com Renato Azevedo Júnior, presidente do Cremesp, a grande adesão foi bem recebida, e o resultado da prova deve sair na próxima semana. "A Fundação Carlos Chagas [que aplica o exame] vai começar hoje [segunda-feira] a fazer análise", afirmou Azevedo Júnior.

Ele reafirmou que, para receber o registro médico, o formando não precisa ser aprovado na prova, mas deve entregá-la preenchida. Provas entregues em branco poderão fazer com que o registro médico seja negado.

No caso das provas em que todas as questões sejam respondidas com a mesma alternativa, o presidente do Cremesp afirmou que elas serão separadas do resultado final, para não afetar o resultado final de aprovados. "Essas provas serão separadas das outras, senão vão dar viés de resultado, e enviadas ao departamento jurídico para dar um parecer", disse ele.

Segundo Azevedo, quem perdeu a prova poderá justificar a ausência, que será avaliada pela plenária do Conselho.

O exame foi criado em 2005 e passou a ser obrigatório em 2012, devido a "queda acentuada na qualidade do ensino médico", segundo nota oficial do Cremesp. A partir deste ano, o aluno que não responder às questões do teste será impedido de obter registro no Conselho Regional de Medicina (CRM).

Na prova aplicada no domingo, os formandos tiveram que responder a 120 questões de conhecimento cognitivo dividias por área do conhecimento. Para ser aprovado, o candidato deve acertar 60% das questões.

Documentos obrigatórios
De acordo com Renato Azevedo Júnior, presidente do Cremesp, o conselho tem autoridade para negar o registro a todas as pessoas com diploma de medicina, mas que não apresentem o comprovante de comparecimento e preenchimento do exame.

"A obrigatoriedade é de o aluno comparecer para o exame e realizar a prova, é isso que a resolução diz."

Ainda segundo Azevedo Júnior, quem fizer o exame, mas for reprovado --para passar, é necessário acertar 60% das questões--, receberá o registro, já que a obrigação é fazer a prova, e não ir bem nela. Ao contrário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Cremesp não tem autorização legal para negar a permissão de trabalho nesse caso. Porém, um projeto de lei tramita no Congresso para mudar esse cenário.

Recorde de escolas de medicina
Segundo o presidente do Cremesp, o Brasil é "campeão do mundo em escolas de medicina". Com 197 faculdades com cursos de ensino superior na área, o país ganha de nações como Estados Unidos, China e Rússia. "Só perdemos pra índia, com 210 escolas. Mas a Índia tem um bilhão de habitantes", afirma.

São Paulo é o estado com o maior número de escolas: atualmente são 37, e sete delas foram autorizadas pelo Ministério da Educação entre janeiro e novembro. De 2011 até agora, o crescimento de faculdades autorizadas foi de 23,3%.

"O exame tem dois objetivos principais. Primeiro fazer uma avaliação mais completa e real, baseado na realidade, do atual estágio da formação do médico no estado de São Paulo, dar subsídios para as escolas poderem se aprimorar, melhorar nos pontos fracos. E também promover uma discussão na sociedade em relação à qualidade da formação de médico", afirmou Azevedo Júnior.

A maior parte das faculdades novas, segundo ele, não tem condição de ensinar os estudantes a serem médicos. "Não tem hospital-escola, não tem professor qualificado, uma turma com grande número de alunos e, principalmente, não tem avaliação adequada. O aluno que entra na faculdade se forma, não tem reprovação, retenção... Mesmo o médico mal formado acaba se formando."
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