Imprimir

Notícias / Brasil

Pai que esqueceu filha no carro pode ter luto patológico, aponta terapeuta

G1

Em carta de despedida para a filha Manuella publicada em uma rede social, Clovis Perrut Mantilla afirma que ela morreu por culpa dele, mas que “nunca quis causar nenhum mal”. A menina de dez meses teve asfixia após ser esquecida dentro do carro. Segundo a médica e terapeuta do luto Adriana Thomaz, o comerciante de 29 anos pode desenvolver luto patológico. “É muito comum que os pais se sintam culpados pela morte de um filho. Quando existe responsabilidade, é muito mais difícil, porque a culpa é real”, afirma.

A especialista explica que o luto apresenta três fases: tristeza, revolta e aceitação. “No patológico, é como se a dor da perda nunca fosse embora”, destaca. Caso não seja tratado, há o risco de desenvolver uma doença psiquiatria, uma neurose compulsiva ou uma depressão grave.

Detido, Clovis foi liberado após pagar uma fiança. Para o professor de Processo Penal da PUC-SP e conselheiro da OAB Carlos Kauffmann, o pai pode ser absolvido com base no perdão judicial, dispositivo que existe desde 1984 no país. “A partir do momento em que a dor do crime é muito mais grave que a punição, o juiz não impõe pena nenhuma. Não há castigo maior para um pai do que ver a filha morrer em uma situação como essa”, diz o advogado criminalista.
Imprimir