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Julgamento de líder opositora de Mianmar é adiado em uma semana

Folha Online

O julgamento da líder opositora de Mianmar e Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, marcado para acontecer nesta sexta-feira, foi adiado em uma semana. Os advogados de Suu Kyi pretendem apresentar novas testemunhas em sua defesa.

A Prêmio Nobel da Paz pode ser condenada a cinco anos de prisão se for condenada por violar, segundo a junta militar que governa o país, os termos da prisão domiciliar por ter recebido o ex-militar e mórmon americano John Yettaw, que chegou à casa dela no início de maio depois de ter cruzado a nado o lago à beira da residência.

Os advogados recorreram na quarta-feira passada depois de o juiz que conduz seu julgamento rejeitar três de suas quatro testemunhas. O trâmite paralisou o julgamento de Suu Kyi quando estava previsto que acusação e defesa apresentassem os argumentos finais.

Caso a nova convocação de testemunhas seja rejeitada, a defesa irá recorrer ao Supremo Tribunal do país, que poderá mais uma vez adiar o julgamento.

Governos de todo o mundo e organizações internacionais, com as Nações Unidas à frente, condenaram o processo e pediram a libertação imediata da líder opositora.

A defesa de Suu Kyi alega que sua cliente permitiu que Yettaw passasse a noite em sua casa por compaixão, porque percebeu que ele estava muito cansado após atravessar a nado o lago Inya, e por isso não conseguiria retornar. Além disso, os defensores dizem que a culpa pela invasão é das autoridades, que são responsáveis pela segurança da casa.

A legislação de Mianmar (antiga Birmânia) proíbe que estrangeiros durmam nas casas de birmaneses a não ser que disponham da autorização pertinente. A pena para este crime é de até cinco anos de prisão.

O partido de Suu Kyi, a Liga Nacional pela Democracia (LND), afirmou que o julgamento é uma estratégia do regime militar para impedir a participação da Nobel da Paz no pleito de 2010, o primeiro no país desde o realizado em 1990. Naquela ocasião, a LND venceu com mais de 82% dos votos, mas o governo nunca reconheceu o resultado.

A junta militar, porém, rebate as acusações. "A prisão não é política, não é uma questão de direitos humanos", afirmou na semana passada o vice-ministro birmanês das Relações Exteriores, Maung Myint, durante uma reunião de ministros da União Europeia e da Associação de Países do Sudeste Asiático no Camboja.
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