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Mano: time atinge ‘maturidade’ e está quase pronto para Confederações

Globo Esporte

O técnico Mano Menezes deixou a Argentina satisfeito com o desempenho da seleção brasileira. A equipe não venceu os Hermanos (perdeu no tempo normal por 2 a 1 e conquistou a taça com triunfo por 4 a 3 nos pênaltis), mas saiu de campo com um grupo “maduro” e que, segundo o treinador, pode enfrentar qualquer adversário, com exceção da Espanha, de igual para igual.

Logo após a partida, na zona mista da Bombonera, Mano conversou longamente com os jornalistas. No bate-papo, ele confirmou que o grupo para a Copa das Confederações está quase pronto, que faltam apenas algumas variantes de formação e de trabalho na parte tática. Tudo será trabalhado nos amistosos de fevereiro (contra a Inglaterra, em Wembley) e nos dois de março.

- Boa parte dele sim (grupo para a Copa das Confederações). Precisa dar continuidade para essa ideia, encontrar algumas variantes para trabalhar nos jogos que faltam. Jogamos contra a Argentina com um centroavante de referência. Quando jogamos com um jogador assim, nós temos que trabalhar a Seleção para jogar dessa maneira. Não existe apenas uma maneira de ganhar o jogo, uma maneira de vencer. E é isso que vamos trabalhar – disse o técnico.

No fim do ano passado, Mano admitiu que o Brasil estava um nível abaixo dos principais rivais do mundo. Porém, em 2012, o panorama da Seleção mudou.

- Certamente a Espanha está à frente de todas as outras seleções, inclusive do Brasil. Mas as outras seleções nós podemos enfrentar de igual para igual como fizemos contra a Colômbia, nos Estados Unidos. O que fizemos está dentro dos parâmetros confiáveis do futebol. Temos condições de repetir contra qualquer seleção do mundo o que temos feito nas últimas partidas.

Na entrevista, Mano falou ainda das curtas férias que vai tirar e do que pretende fazer em 2013. A Seleção agora só volta a se reunir em fevereiro de 2013. No dia 6, o time canarinho vai enfrentar a Inglaterra, no estádio de Wembley, em Londres.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Mano Menezes:

Apesar da derrota no tempo normal, o título do Superclássico das Américas foi importantes para o trabalho?
MANO MENEZES: Vencer sempre é bom . Caso contrário, algo está de ponta cabeça. Quando perdemos somos cobrados e quando vencemos temos que valorizar. Precisamos ter a humildade de saber entender o avanço que cada degrau significa num trabalho como esse. Era um jogo difícil pelo contexto. Foi cancelado, transferimos... A vitória foi dentro da normalidade. Claro que faltou entrosamento, sofremos em parte do jogo, mas a capacidade que estamos tendo na boa escolha dos jogadores faz com que a resposta seja positiva individualmente e conseguimos essa vitória aqui em Buenos Aires.

Como você avalia a temporada 2012 da Seleção?
Encerro esse ano com uma avaliação positiva dessa última parte do ano. Passamos nosso momento difícil. O presidente, junto com a CBF, teve a compreensão e a maturidade de saber sustentar isso quando não ganhamos o ouro nas Olimpíadas. E um trabalho desse porte precisa de maturidade para saber conduzir. Caso contrário, não chegamos em 2014 da maneira como estamos e de como o Brasil precisa chegar.

E o que aconteceu na segunda parte do ano?
- A resposta sobre a segunda parte do ano tem a ver com essa maturidade de condução do trabalho. O jogador de futebol sabe quando a continuidade do trabalho é mantida, ele sente que é sério e sabe que tipo de comportamento ele precisa ter. Deu para ver isso nessa segunda parte do trabalho e na Copa das Confederações a Seleção vai mostrar ao torcedor que pode enfrentar as principais seleções do mundo de igual para igual.

No ano passado, na Copa América, a Seleção perdeu todas as penalidades na decisão contra o Paraguai, nas quartas de final. Agora, o panorama foi outro. Essa vitória nos pênaltis ajudou a exorcizar o que ocorreu em 2011?
- O futebol é assim. A bola é redonda. Um dia ela é contra, no outro é a favor. Tem que saber conviver com isso. Um trabalho de quatro anos é assim. Encerramos o ano com convicção de que evoluímos nesse segundo semestre e em fevereiro vamos mostrar isso contra a Inglaterra.

Com a distância entre os dois jogos dos Superclássico, a convocação de novos atletas, o número de opções aumentou?
- Entrou mais gente para continuar tendo sequência na observação. É o que queremos nesse tipo de jogo. Achar um nome, dois nomes, que possam abrir possibilidade de sequência. É por isso que arriscamos em alguns tipos de situação. Ainda queremos encontrar nomes como encontramos para dar continuidade.

Quer achar mais cinco ou seis jogadores?
- Vamos devagar porque vamos achar que é fácil entrar na equipe. Tenho que dar segurança aos jogadores que fazem parte desse grupo há mais tempo porque eles percorreram um caminho maior. Eles precisam ter confiança no que foi feito até aqui e que vão seguir conosco.

O Durval cumpriu o seu papel nessa partida. Foi um prêmio por sua trajetória de conquistas no futebol?
- Vou usar o exemplo do Durval porque ele foi criticado na convocação e eu também recebi criticas. Tem muita coisa dura em ser técnico da Seleção e uma das coisas boas é ver os olhos de um jogador como esse. Ele sabe o estágio que está na carreira, quando é convocado, e chega como chegou aqui (com um sorriso no rosto). Disse que ele não estava aqui de favor, que construiu uma carreira séria. Ele estava aqui porque é um ótimo zagueiro. A resposta que ele deu dentro de campo é porque ele é um ótimo zagueiro. Você não dá prêmio para vestir a camisa da Seleção, você dá oportunidades e eles precisam aproveitar.

É um bom desafio começar o ano logo contra a Inglaterra, em Wembley?
- A Seleção está preparada para enfrentar qualquer tipo de adversário. Vai ter seus percalços porque todo mundo tem. A Inglaterra vem de um grande percalço contra a Suécia. Quando ganhamos da Suécia, nós mostramos a nossa capacidade de enfrentá-los na casa deles, em Estocolmo. A Inglaterra teve dificuldades. Vamos para Wembley sabendo que a Inglaterra é uma das grandes seleções do mundo, mas que o Brasil precisa enfrentar esse tipo de adversário para ir aumentando esse grau de confiança interna e externa do que estamos fazendo.

O Neymar se tornou o líder dessa Seleção?
- Um trabalho desse porte tem que ter vários líderes. Cada um com a sua característica. Temos o líder com qualidade técnica, o de comportamento, o que junta todas essas coisas. Neymar vem de um pênalti desastroso cobrado nos Estados Unidos e foi para uma decisão com uma maturidade que só os excepcionais de 20, 21 anos, apresentam no dia a dia. Ele sabe que vai recair sobre ele essa chance de decidir e tem feito isso.

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