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Notícias / Economia

Abicalçados aceita reduzir exportação de sapatos para a Argentina

AE

O setor calçadista brasileiro fechou hoje um acordo com a Argentina que reduz as exportações brasileiras de 18,5 milhões de pares de calçados enviados em 2008 para 15 milhões de pares em 2009. A decisão foi tomada em Buenos Aires, durante reunião entre os empresários do setor de ambos os países. "O acordo vai durar até dezembro de 2011, com revisões anuais", informou à Agência Estado o diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein.

"Aceitamos a extensão do prazo para aliviar a pressão dos embarques de mercadorias que estão travadas pelas licenças não automáticas", justificou, em referência às barreiras argentinas que afetam hoje 14% do total das exportações brasileiras para o mercado do sócio do Mercosul. Porém, em lugar de criticar as barreiras argentinas que levaram o Brasil a ter de aceitar as cotas de exportações, o presidente da Abicalçados, Milton Cardoso, elogiou a proteção argentina. "Tanto na Argentina quanto no Brasil estamos sofrendo uma invasão absurda de calçados chineses, mas a Argentina é mais rápida nas decisões de defesa comercial", reclamou, em entrevista aos correspondentes brasileiros.

Cardoso criticou a demora do governo brasileiro para proteger sua indústria da concorrência chinesa. "O Brasil não tem acompanhado o crescimento da China nessa área e o governo precisa reforçar sua defesa comercial", disse ele. "De cada dez sapatos comercializados no mundo, oito são chineses", afirmou. "E não são só as indústrias da China, são as grandes empresas mundiais que usam a China como plataforma."

Ele destacou que as grandes companhias de calçados do mundo aumentaram em 50% as exportações para a Argentina e o Brasil. No entanto, ele reconhece que existe "preocupação por parte dos fabricantes brasileiros com o desvio do comércio na Argentina, já que enquanto o Brasil autolimita suas vendas a China aumenta a presença no mercado do vizinho". A Abicalçados afirma que nos primeiros meses deste ano entraram na Argentina 2.637.159 pares da China, contra 2.267.315 do Brasil.
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