Imprimir

Notícias / Brasil

Macarrão 'merece pena menor' que a de Bruno, diz assistente de acusação

G1

O assistente de acusação, José Arteiro Cavalcante Lima, disse na porta do Fórum de Contagem, na manhã desta sexta-feira (23), que o réu Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, “merece uma pena menor” que a que for imputada ao goleiro Bruno. “Ele era jagunço do Bruno”, disse o assistente, sobre Macarrão. Arteiro ainda afirmou que o goleiro “premeditou, planejou e mandou matar Eliza”.

Bruno e Macarrão são réus pelo desaparecimento e morte de Eliza Samudio. O amigo do goleiro, junto com a ex-namorada do atleta, Fernanda Gomes de Castro, devem receber a sentença ainda nesta sexta-feira (23). Bruno será julgado em março de 2013, junto com a ex-mulher, Dayanne Rodrigues, que é acusada de sequestro e cárcere privado do filho de Eliza, e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.

O assistente ainda disse que a confissão de Macarrão durante interrogatório, considerada parcial pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro, pode atenuar uma possível pena do réu, caso condenado, e que isso não pode ser chamado de prêmio. “O Macarrão não vai ser premiado. Ele vai receber as benesses pelas verdades que ele declarou no júri”, explicou.

Arteiro disse, também, que, apesar de Macarrão ter declarado em interrogatório que a última vez que viu Eliza foi em Belo Horizonte, quando a deixou em um lugar e ela entrou em um Palio preto, a acusação tem provas de que o réu esteve na cena do assassinato da jovem. “Temos a prova de que ele [Macarrão] esteve [na cena do crime]. O depoimento do menor e do Sergio provam que ele esteve na cena do crime”, falou.

Última fase do júri
Recomeçou às 10h desta sexta-feira (23), com atraso, o julgamento da ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes, Fernanda Gomes de Castro, e de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, réus no processo de cárcere privado e desaparecimento de Eliza Samudio, que era amante do goleiro. O caso ocorreu em junho de 2010. A sentença dos réus pode ser proferida pela juíza Marixa Fabiane ainda nesta sexta-feira, quinto dia de júri no Fórum de Contagem, de acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG),

A sessão deve começar com o debate entre acusação e defesa. A previsão é que primeiro o promotor Henry Wagner de Castro exponha seus argumentos, em até duas horas e meia. Em seguida, os advogados de defesa terão o mesmo tempo para tentar convencer os jurados da inocência de seus clientes. Se o promotor pedir réplica, terá mais duas horas de exposição, e a defesa, também mais duas horas.

A fase do debate pode durar até sete horas e meia, segundo o TJMG. Encerrada esta etapa, os jurados se reúnem em uma sala secreta para responder a quesitos formulados pela juíza com "sim" e "não". Eles decidirão se os réus cometeram o crime, se podem ser considerados culpados e se há agravantes ou atenuantes, como ser réu primário. Eles podem permanecer na sala secreta o tempo que acharem necessário.
Ele [Macarrão] merece uma pena bem menor que a do Bruno"
José Arteiro Lima, assistente de acusação

A juíza Marixa deve explicar os quesitos aos jurados e tirar todas as dúvidas. No novo procedimento do júri, os votos dos jurados não são todos contados para a própria proteção deles. Assim, se quatro dos sete jurados votarem pela absolvição, é encerrada a contagem, e não se sabe o que os demais votaram, e vice-versa.

De posse do veredicto (a decisão final dos jurados), a juíza dosa a pena com base no Código Penal, se houver condenação. Se houver absolvição, o réu deixa o tribunal livre. A sentença é lida a todos os presentes no Tribunal do Júri. A sessão deve ser encerrada à noite ou até na madrugada deste sábado (24).

Acusações
Macarrão é acusado por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado e ocultação de cadáver. Já a ex-namorada do goleiro é acusada de sequestro e cárcere privado. Os outros três réus no caso tiveram o júri adiado e serão julgados em 4 de março de 2013 - o goleiro Bruno, sua ex-mulher, Dayanne Rodrigues, e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola.

Para o assistente de acusação José Arteiro Lima, Macarrão "merece uma pena bem menor que a do Bruno", após ter apontado o atleta em seu depoimento. "Bruno premeditou, planejou e mandou matar Eliza", disse. Já o amigo do goleiro, na opinião do advogado, "era o jagunço do Bruno".

Lima disse que a acusação possui provas de que Macarrão esteve no local onde Eliza foi morta. "Os depoimentos do menor [Jorge] e do Sérgio [primos de Bruno] provam que ele esteve na cena do crime”, afirmou o assistente de acusação. "De inocente nesta historia, só tem a Eliza e o Bruninho."

'Fernanda mentiu', diz promotor
O promotor afirmou, na noite de quinta-feira (22), que a ex-namorada de Bruno mentiu em seu interrogatório. Os depoimentos dela e de Macarrão apresentaram contradições, que devem ser exploradas durante a argumentação da acusação, disse Castro.

“Fernanda mentiu durante o depoimento, quando afirmou que Macarrão teria tido a iniciativa de chamá-la para que ela fosse à casa do Bruno no Recreio dos Bandeirantes para cuidar do filho de Eliza. Ela mesmo teve a iniciativa de realizar, pelo menos, duas ligações telefônicas para o celular de Jorge Luiz [primo de Bruno]”, ressaltou o promotor.

Para o promotor, tanto Macarrão quanto Fernanda sabiam que Eliza iria morrer. “Os dois sabiam que Eliza ia morrer. (...) Tanto é que ela [Fernanda] cobriu o rosto para não ser reconhecida por Eliza, quando chegou à casa do Recreio dos Bandeirantes, conforme depoimento de Jorge Luiz. E em Ribeirão das Neves, Fernanda não cobriu mais o rosto. Certamente já saberia que Eliza não sairia daquela situação, que não sairia viva”, completou.

Durante seu interrogatório, a ex-namorada do goleiro Bruno confirmou boa parte do depoimento de Macarrão. Fernanda, que se disse inocente das acusações, disse que o amigo do goleiro usou seu carro, um Gol, por cerca de 20 minutos. Já Macarrão afirmou em seu depoimento ter levado Eliza de carro até um local indicado pelo goleiro, em Belo Horizonte, onde a ex-amante entrou em um Palio, no início de junho de 2010. "Ele ia levar ela para morrer", disse o réu, em interrogatório que durou até cerca de 4h desta quinta.

Interrogada durante o julgamento, Fernanda ressaltou que não desconfiou do destino trágico que Eliza teria, "pela calma que ela apresentava" durante o tempo que esteve em Minas. "Só tive conhecimento verdadeiro de que a Eliza foi executada ontem pelas declarações de Luiz Henrique [Macarrão]", afirmou ela, em seu depoimento.

Questionada pela juíza Marixa Fabiane sobre como soube das declarações de Macarrão, Fernanda disse ter sido informada pela imprensa. Ela afirmou que chegou a mentir em seu primeiro depoimento à polícia, mas que depois voltou atrás e pediu desculpas aos delegados. "Estava com medo", ressaltou.

Boato interrompe júri
Um boato divulgado nesta quinta-feira dava conta que o goleiro Bruno teria tentado suícidio dentro da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, Minas Gerais, mesma cidade em que o júri do caso Eliza está sendo realizado.

A notícia falsa causou tensão no fórum, onde o júri chegou a ser interrompido por cerca de 20 minutos pela juíza Marixa.

O boato foi desmentido pela Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais. Segundo a secretaria, o diretor-geral do presídio, Luiz Carlos Danunzio, confirmou que Bruno está bem. A secretaria disse que Danunzio chegou a ir até o pavilhão onde o atleta está para verificar seu estado de saúde.

Agressão
Durante o interrogatório, Fernanda disse ter sido informada por Macarrão que a ex-amante de Bruno havia sido agredida pelo primo do goleiro, Jorge Luiz Rosa, num momento anterior ao episódio do carro. O depoimento confirma a versão do amigo de Bruno sobre o episódio. "Ele [Macarrão] e Jorge foram encontrar com Eliza para negociar uma dívida. Ele disse que houve uma briga no carro entre Jorge e Eliza por causa de algo que Eliza teria dito algo sobre o jogador que não agradou Jorge", disse.

A ex-namorada afirmou, ainda, que ficou com o bebê de Eliza por alguns momentos e que chegou a fazer mamadeira para ele, durante o período que coincide com o cárcere privado investigado pelo Ministério Público. "Fiz a mamadeira e troquei a fralda e a criança parou de chorar. Depois disso, subi para o o quarto de Bruno e ele dormiu. Neste momento, não vi a Eliza. Tive vontade de falar com a Eliza, mas fiquei com medo de ela falar meu nome para a mídia", disse. O episódio ocorreu antes do desaparecimento da ex-amante, segundo Fernanda, que ressaltou que Eliza agradeceu por ela ter cuidado da criança.

Terminado o depoimento de Fernanda na chamada fase de instrução, em que as provas são apresentadas, terão início os debates, com apresentação de argumentos de acusação e defesa para tentar convencer os jurados.

Bruno ficou 'decepcionado'
O advogado do goleiro Bruno, Lúcio Adolfo, disse que o atleta ficou "decepcionado" ao saber nesta quinta (22) das declarações dadas pelo réu Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, no julgamento do caso Eliza.

Macarrão relatou à juíza que não sabia o que iria acontecer com Eliza, mas que "pressentia" que a jovem seria morta. Ele afirmou ainda que alertou Bruno sobre o que podia acontecer, mas que o goleiro pediu para ele largar "de ser bundão". "Falou que era para deixar com ele", disse o réu antes de começar a chorar no plenário.

O novo julgamento do goleiro Bruno está marcado para o dia 4 de março de 2013. Na data, devem ser julgados também os outros dois réus no caso - Dayanne Rodrigues e o ex-policial Bola.

Júri de goleiro é adiado
Na manhã de quarta-feira, o julgamento de Bruno foi desmembrado e adiado para 4 de março de 2013, segundo decisão da juíza Marixa. O goleiro foi retirado do plenário para ser levado novamente para a penitenciária Nelson Hungria. Inicialmente, a magistrada havia anunciado que o novo júri ocorreria em janeiro, mas depois ela afirmou que é difícil conseguir jurados para compor o Conselho de Sentença no início do ano e que fevereiro tem poucos dias, em razão do Carnaval.

O adiamento foi concedido pela juíza a pedido da defesa de Bruno. O advogado Francisco Simim, que defendia o goleiro, apresentou um documento transferindo seus poderes a outro defensor, Lúcio Adolfo. Chamado de substabelecimento sem reserva de poderes, o documento pediu a substituição de Simim por Adolfo, que alegou não conhecer o processo para pedir o adiamento.

A juíza afirmou que "não obstante haver claras evidências de manobra, por outro lado também é verdade que o documento que foi apresentado a mim foi de substabelecimento", justificando sua decisão. "Estou acolhendo o pedido da defesa para conceder ao advogado prazo para o conhecimento do processo".
Imprimir