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Torcedores corintianos esperam julgamento na prisão

Folha de S.Paulo

Dezenove dos 32 torcedores detidos após o confronto entre as torcidas do Vasco e do Corinthians, na última quarta-feira, foram indiciados pela polícia e devem aguardar julgamento presos. Ontem, eles começaram a ser transferidos para um CDP (Centro de Detenção Provisória) em São Paulo.

De acordo com o delegado José Antônio Ayres, da Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e de Intolerância), esta é a primeira vez no país que torcedores, em grande número, são presos em flagrante e indiciados após briga entre facções.

Eles poderão, porém, recorrer na Justiça pelo direito de responder em liberdade.

Os 19 suspeitos, todos corintianos, foram indiciados pelos crimes de formação de quadrilha, rixa que resultou em morte e dano ao patrimônio privado. Segundo o delegado, cinco deles já tinham passagens pela polícia por crimes variados.

Um estudante de classe média de 17 anos também se envolveu nos crimes, de acordo com a polícia. Ele foi entregue aos pais sob o compromisso de ser apresentado à Vara da Infância e Juventude.

Nove dos indiciados já haviam sido transferidos para o CDP da Vila Independência (zona leste de São Paulo) na tarde de ontem. Os outros 10 permaneciam presos na carceragem do edifício do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), que terá a segurança reforçada durante este fim de semana.

A Decradi decidiu libertar outros 12 torcedores por não ter provas que possibilitassem as prisões em flagrante. Na próxima semana, eles prestarão novos esclarecimentos.

Contudo, apesar de parte dos participantes do tumulto já estar identificada e presa, a polícia ainda não tem pistas de quem matou o corintiano Clayton Ferreira de Souza, 27.

Ele foi encontrado agonizando com ferimentos de golpes de barra de ferro e estocadas de objeto cortante logo após o fim do confronto que envolveu cerca de 60 membros da torcida Gaviões da Rua São Jorge e mais de 400 vascaínos. Souza morreu num pronto-socorro, e foi enterrado ontem.

O confronto ocorreu na noite de quarta, quando um comboio com 13 ônibus vindos do Rio de Janeiro com torcedores do Vasco se encontrou com um ônibus de corintianos parado na Marginal Tietê, próximo à ponte das Bandeiras (zona norte de São Paulo).

Segundo a Polícia Militar, os corintianos provocaram e agrediram os torcedores rivais, iniciando um confronto que só acabou com a chegada de reforços para os PMs que escoltavam o comboio de ônibus.

Como a polícia não deteve nenhum vascaíno --preferindo recolocá-los no ônibus e despachá-los para o estádio-- a Decradi tenta agora identificar quem eram os integrantes da torcida envolvidos no confronto. A investigação começará com a identificação dos ônibus usados pelos vascaínos por meio das placas.

A PM havia afirmado ontem que não houve erro durante a operação que conteve o tumulto. A Decradi também tenta encontrar uma espingarda de calibre 12 e uma pistola que PMs afirmaram terem sido usadas por torcedores do Corinthians durante a briga.

Sepultamento

O corpo da única vítima da briga entre as torcidas do Corinthians e Vasco foi sepultado hoje em Santo André. Familiares, amigos e membros da Gaviões da Fiel foram ao enterro do corintiano Clayton Ferreira de Souza, 27, que ocorreu por volta das 15h30 no cemitério do Curuçá. Souza era atendente de supermercados e morava na Vila Industrial, extremo da zona leste da capital paulista. Segundo laudo do Instituto Médico Legal, o torcedor foi vítima de "traumatismo cranioencefálico devido a agente contundente" Seu rosto ficou desfigurado pelas pancadas recebidas durante a briga na quarta à noite. Ele era o caçula de uma família de sete irmãos.
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