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Notícias / Cidades

Bicicletas sem uso viram unidades coletoras pelas mãos de presidiários

Da Assessoria/ Sejusp-MT

Aliar ações de ressocialização fazendo com que um preso tenha uma ocupação enquanto cumpre sua pena, e com esse trabalho possa minimizar danos ambientais com atividades de reciclagem são os principais pontos do projeto Bio-Bike, instalado e desenvolvido na Penitenciária Central do Estado (PCE) em Cuiabá, com reeducandos da unidade prisional.

Desenvolvido pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), por meio da Fundação Nova Chance (Funac), e pela Corregedoria Geral de Justiça (CGJ), o projeto trabalha com reeducandos na produção das “tricicletas” - bicicletas adaptadas para trabalho de coleta de óleos residuais.

O projeto é uma oficina de remodelação de bicicletas apreendidas e que estavam sob custódias pela polícia do Estado e foram doadas pela Justiça. A ideia surgiu devido a grande quantidade de bicicletas encontradas nas delegacias, que poderiam ser reutilizadas, e trabalhar também no recolhimento dessas peças evitando o acúmulo de água nos pneus, o que possibilita a criação de criadouros de insetos como o mosquito da dengue.

Doze reeducandos do regime fechado receberam uma capacitação nas áreas de soldagem, mecânica, pintura, serralheria, montagem e desmontagem das bicicletas e transformação das peças em “tricicletas”. As bicicletas fabricadas serão comercializadas pela empresa Eco Bike, parceria do projeto e Funac, serão utilizadas para coletar óleos residuais em residências e transformá-los em biodiesel.

Das dez tricicletas montadas inicialmente, sete delas já serão comercializadas pela empresa EcoBike. “O projeto é muito importante para a recuperação do reeducando e da família, pois o Estado e seus parceiros atuam na atividade de auxílio a esse reeducando e sua família, que tem a chance de recuperar sua capacidade produtiva que alia trabalho e a conscientização ecológica”, destacou o secretário de Justiça e Segurança Pública, Diógenes Curado Filho.

SUSTENTABILIDADE


Segundo o diretor comercial da empresa EcoBike, Fábio Henrique de Matos, estudos feitos pela empresa demonstram que é possível obter 100% de aproveitamento dos resíduos coletados. “Um litro de óleo é capaz de poluir um milhão de litros de água. Podemos transformar um litro de água em um litro de biodiesel. Contribuindo para a preservação do meio ambiente”, explica o representante da Biobike.

Irineu Ponath, reeducando da Penitenciária Central cumpre pena de 10 anos e 8 meses.“ É uma ótima oportunidade para nós que estamos no presídio ocuparmos a nossa cabeça, que esquecemos do tempo e que vivemos isolados. Estamos aqui para corrigir o erro que cometemos e para jamais voltar a fazer”, disse.

A presidente da Fundação Nova Chance, Neide Mendonça, destaca o projeto Biobike como uma das ações que já começam a surtir efeitos para a reinserção do reeducando na sociedade e no mercado de trabalho, atingindo também suas famílias. “O projeto veio para contribuir com os outros projetos desenvolvidos nas unidades prisionais. Todos os reeducandos merecem suas chances”, afirmou.

Para o diretor da PCE, José Carlos Freitas, o interesse dos reeducandos no projeto tem surpreendido. “Os reeducandos demonstram um grande interesse em participar do projeto, elevando a auto estima e ocupando o seu tempo dentro da penitenciária”.

Dezenas de bicicletas já foram doadas por comarcas do Estado, entre elas a de Nova Mutum que fez a doação de 179 unidades apreendidas, e Mirassol d’Oeste. Outras 15 foram doadas pelo Juizado da Infância e Juventude de Cuiabá.


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