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Empresário morto por PMs em SP tinha álcool no sangue, diz laudo

G1

Laudo do Instituto Médico Legal (IML) aponta que havia álcool no sangue de Ricardo Prudente de Aquino acima da dosagem permitida por lei para quem dirige um veículo. O mesmo exame toxicológico deu resultado negativo para o uso de drogas. O G1 obteve cópia dos documentos feitos pela Polícia Técnico-Científica.

O empresário foi morto por policiais militares durante abordagem na Zona Oeste da capital paulista na noite de 18 de julho, quando guiava seu carro. O rapaz de 39 anos dirigia o seu carro quando foi parado e baleado com dois tiros na cabeça.

Três PMs que participaram da ação alegaram que só atiraram sete vezes contra o pára-brisa do veículo porque confundiram o telefone celular da vítima com uma arma. Dentro do automóvel, peritos encontraram uma porção de maconha.

De acordo com o exame, a vítima estava com 1,5 grama de álcool por litro de sangue. Essa graduação alcoólica é considerada crime de trânsito porque é superior ao limite permitido pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que é de 0,6 g/l.

O advogado da família de Aquino, Cid Vieira, disse que o resultado “não modifica em nada” o que aconteceu naquela noite. “Ele foi executado. Eu recebo essa notícia [do resultado do laudo] com muita tranquilidade. Essa questão de ter sido encontrado álcool no sangue não modifica em nada. Se a PM matar todo mundo que tiver dirigindo embriagado não vai resolver o problema dos que dirigem embriagado”, disse o representante da família.

Embriaguez
Para o advogado Aryldo de Paula, que defende os três policiais investigados pelo assassinato do empresário, o resultado do laudo mostra que Aquino estava embriagado e que tentou fugir da abordagem da Polícia Militar porque estava bêbado.

“Vou juntar esse laudo no inquérito porque a família dizia que Ricardo não tinha motivos para fugir. A defesa entende que ele se evadiu em razão de estar embriagado porque se fosse pego bêbado, teria a suspensão da carteira de habilitação e perderia o direito de dirigir carro”, afirmou o advogado Aryldo de Paula, nesta sexta-feira (30).

Pela lei do CTB, quem for pego com dosagem de álcool acima da permitida no sangue, pode ser preso, de seis meses a três anos, receber multa e ter a habilitação suspensão.

Assassinos
Procurado para comentar o assunto, o promotor Rogério Leão Zagallo, discordou da interpretação do defensor dos três policiais.

“Ele [Aquino] tinha ingerido álcool, não há duvida, mas essa graduação não comprova que ele estivesse embriagado. Ainda que estivesse cometido um crime mais grave, não deveria ter sido abordado como foi. Foi uma abordagem assassina, que é incompatível com a conduta esperada de um policial militar”, afirmou o representante do Ministério Público.

“Os três serão denunciados por homicídio e também por fraude processual porque plantaram maconha para incriminá-lo”, disse Zagallo.

O cabo Adriano Costa da Silva, de 26 anos, e os soldados Robson Tadeu do Nascimento Paulino, de 30, e Luís Gustavo Teixeira Garcia, de 27, chegaram a ser presos por dez dias após a abordagem que resultou na morte do empresário. Mas foram postos em liberdade por decisão da Justiça no dia 27 de julho, que atendeu ao pedido da defesa. Eles respondem ao processo em liberdade.

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