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Obama estuda interceptar armas rumo à Coreia do Norte

Folha Online

O governo de Barack Obama, além de estudar uma forma de devolver a Coreia do Norte à lista de países suspeitos de apoiar o terrorismo, quer passar a interceptar, por água e por ar, os carregamentos destinados àquele país que possam conter armas ou tecnologia nuclear. O anúncio do endurecimento em relação ao regime comunista foi feito pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, em entrevista à TV ABC.

Na entrevista, que foi ao ar neste domingo (7), Hillary defendeu que, se as recentes ações da Coreia do Norte de provocação à comunidade internacional --com o anúncio de um novo teste nuclear e uma série de lançamentos balísticos-- não resultarem em uma reação forte, poderá haver uma corrida armamentista na região. "Nós faremos de tudo para interditar e prevenir isso [fluxo de armas] e para acabar com o fluxo de dinheiro do país", disse Clinton.

Conforme análise do jornal americano "NYT", a fala foi uma referência ao medo de que, diante da ameaça norte-coreana, o Japão reverta seu antigo veto às armas nucleares. Hillary foi a funcionária mais alta do governo americano a falar publicamente em adotar passos tão rigorosos em resposta à Coreia do Norte.

Na entrevista, Hillary não chegou a mencionar uma eventual ajuda da China, mas funcionários do governo trabalham, em Pequim, para que o governo chinês adote ações similares, sob sua legislação. Por enquanto, avalia o "NYT", não há indícios de que a China quer ajudar os EUA a interromper o rentável fluxo de armas norte-coreano.

O jornal afirma que o simples estudo dessas medidas já coloca Obama em uma posição de maior rigor em relação à Coreia do Norte que os antecessores Bill Clinton (1993-2001), que também é democrata, e George W. Bush (2001-2009), que é republicano.

"Estou cansado de comprar o mesmo cavalo duas vezes", afirmou o secretário de Defesa, Robert Gates, na semana passada, ao visitar um local antimíssil, no Alasca, construído por Bush para mostrar que o país estava pronto para destruir eventuais mísseis norte-coreanos direcionados aos EUA.

Em uma das demonstrações de boa-vontade dadas por Bush, em outubro de 2008, a Coreia do Norte foi retirada da lista americana de países que apoiam o terrorismo. Naquela época, o país havia aceitado submeter suas instalações nucleares a inspeção internacional como parte da negociação de seis lados (EUA, as duas Coreias, China, Japão e Rússia) pela desnuclearização do país asiático.

Preparação

Nesta segunda-feira, houve avanço em relação às notícias de que a Coreia do Norte prepara um lançamento para breve. O Japão informou ter interceptado, via rádio, uma informação de que a Coreia do Norte mandou todas as embarcações ficarem longe da sua costa leste entre os próximos dias 10 e 30.

De acordo com o jornal sul-coreano "JoongAng Ilbo", de grande circulação, no entanto, esse novo lançamento não é iminente. Segundo o jornal, embora haja constante movimentação de veículos e pessoas no novo local de lançamento a leste, Dongchang-ni, anda não foi instalado nenhum sistema de rastreamento de mísseis.

Provocação

Um novo lançamento daria seguimento à provocação à comunidade internacional iniciada em 25 de maio passado, com o anúncio de um teste nuclear.

Desde o anúncio do teste nuclear, a Coreia do Norte já disparou diversos mísseis, enquanto Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China, os países com assentos permanentes --e consequente poder de veto-- no Conselho de Segurança da ONU lutam para aprovar uma nova resolução contra o país.

Os trabalhos de elaboração da resolução travaram porque, de um lado, os ocidentais --e o Japão-- pressionam por sanções mais fortes ou novas; enquanto, de outro, Rússia e China freiam as iniciativas, por medo de que o acirramento das sanções isole ainda mais a Coreia do Norte, o que congelaria os diálogos por desnuclearização.

Nesta segunda-feira, Pyongyang renovou a promessa de que irá reagir "com linha-dura" a eventuais novas sanções. De acordo com o jornal norte-coreano "Rodong Sinmun", a Coreia do Norte "já deixou claro diversas vezes que irá considerar qualquer sanção uma declaração de guerra e que irá adotar as medidas de autodefesa correspondentes".
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