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Menina que não pode comer pela boca comemora o Natal no hospital

G1

Internada há três meses na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, a garota de São Carlos (SP) Caliane Boni Roque da Silva, que não pode se alimentar pela boca, celebrou o Natal na companhia da família, de outros pacientes e da equipe médica na noite desta segunda-feira (24). Em setembro, após uma campanha e uma ordem judicial, a menina de 10 anos passou por uma cirurgia que a ajudaria se alimentar, mas o procedimento foi mal sucedido. Agora, os médicos analisam a possibilidade de uma nova intervenção em janeiro, a 10ª de sua vida.

Segundo a mãe da menina, Gislaine Clara Boni, a data foi comemorada de uma forma diferente. “Todas as crianças do setor de pediatria se reuniram com as famílias na brinquedoteca e colocaram uma poltrona para a Cali poder ficar, mesmo com os aparelhos, foi especial”, diz. Na celebração, durante a noite, havia comidas e bebidas, mas Caliane não passou vontade, segundo a mãe.

“Ela sempre foi muito resolvida sobre o problema de não poder comer, então ontem ela ficou com vontade de algumas frutas, ela mastigou normalmente e depois cuspiu, como sempre faz”, diz. Desde pequena, Caliane se alimenta apenas por bombas infusoras.

Ainda no espírito de Natal, a garota foi presenteada com um smartphone, que tanto queria. “Ainda não estou conseguindo usar porque falta o chip, mas eu queria muito para ficar jogando e conversando pela internet”, diz a menina. “Todo esse tempo no hospital, ela precisa se distrair, e por mais que ela ganhe muitos brinquedos, ela não consegue brincar na cama, então fizemos uma força e conseguimos comprar o aparelho para ela”, relata a mãe.

Apesar da comemoração, a família está apreensiva com a possibilidade de Caliane passar por uma nova cirurgia. “Não está nada definido, mas é possível que ela passe por uma nova cirurgia no intestino”, afirma Gislaine.

Exames preliminares constataram a existência de uma bactéria no intestino e outros procedimentos seriam feitos ainda nesta terça-feira (25). “Ainda precisamos aguardar o resultado desses exames, mas os médicos já disseram que o maior problema é no intestino e seria necessária uma intervenção cirúrgica”.

Mãe foi às ruas pedir ajuda ajuda no trânsito para
conseguir operar filha (Foto: Fabio Rodrigues/G1)

Campanha
A história da menina de São Carlos ficou conhecida após os pais dela iniciarem uma campanha para arrecadar recursos para a operação, com custo estimado em R$ 120 mil. A princípio, o plano de saúde se recusou a pagar o valor. Desesperada com a situação, a família utilizou as redes sociais para conseguir ajuda. O apelo atingiu um grande número de pessoas que se sensibilizaram com o caso. Em um mês, foram arrecadados cerca de R$ 50 mil.

Com faixas, panfletos e camisetas, um grupo formado familiares e amigos foram às ruas da cidade e também do município vizinho Ibaté (SP) realizar pedágios para levantar recursos. Eles também promoveram um jantar beneficente e contaram com a ajuda de empresários. Com a repercussão do caso, as pessoas passaram a acreditar que não se trata de um golpe, contou o pai da menina, Emerson Filipin, de 35 anos.

Por fim, um dia antes da internação da garota, no dia 13 de setembro, uma liminar concedida pela 2ª Vara Cível de São Carlos obrigou a Fundação Cesp a arcar com o custo de uma cirurgia.

A mãe de Caliane conta que o dinheiro arrecadado continua na conta da menina e, caso não precise ser usado, na hipótese de a decisão judicial ser definitiva, doará tudo para outra criança que precise de ajuda e que não tenha condições. “Faremos isso em comum acordo com os empresários que nos ajudaram e de uma forma transparente para toda a população”, afirma Boni.
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