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Polícia realiza, no Rio, perícia no local onde a menina Adrielly foi baleada

G1

Policiais da Divisão de Homicídios (DH) realizam, na manhã desta segunda-feira (14), uma perícia no local da morte da menina Adrielly dos Santos, de 10 anos, atingida por bala perdida na noite de Natal. Ao todo, cerca de 20 agentes estão na casa dos pais da vítima, que fica na Rua Amália, 237, no Morro do Urubuzinho, no Subúrbio do Rio de Janeiro.

O caso da menina ganhou repercussão depois que ela aguardou oito horas por atendimento no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, porque o neurocirurgião Adão Crespo faltou ao plantão.

O inquérito do caso só chegou à Divisão de Homicídios na última quinta-feira (10), de acordo com a delegada Renata Araújo. Após a perícia, poderá haver reconstituição do caso. "A perícia será feita primeiro. Depois vou ver a necessidade de reprodução simulada", disse a delegada na sexta (11).

Médico indiciado
O médico Adão Crespo, que faltou ao plantão, foi indiciado por estelionato pela Delegacia Fazendária (Delfaz) da Polícia Civil. As informações foram confirmadas pela delegada Izabela Santoni.

Segundo ela, o acusado fraudava a folha de ponto e estava recebendo sem trabalhar. "A gente tem provas mais concretas de que ele cometeu aquele crime", contou. "Só pelo mês de novembro, eu apurei que ele recebeu sem trabalhar." O neurocirurgião já havia sido indiciado pela 23ª DP (Méier) por omissão de socorro.
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Depoimentos
Na manhã desta quinta, a polícia ouviu o funcionário terceirizado do Hospital Salgado Filho Rafael José Alves Costa, que confirmou ter solicitado uma ambulância para transferir Adrielly.

De acordo com o delegado Luiz Archimedes, da 23ª DP (Méier), Rafael foi a última pessoa a ser ouvida e o caso deve ser encaminhado para o Ministério Público (MP). A Secretaria Municipal de Saúde nega que tenha havido essa solicitação.

Segundo o funcionário Fernando Parreira, que prestou depoimento na quarta (9), a chefia de plantão solicitou a remoção da criança após constatar que o neurocirurgião Adão Crespo havia faltado ao plantão. "O Rafael reafirmou tudo o que o Fernando havia dito ontem [terça]", destacou o delegado.

De acordo com o depoimento, a ambulância foi solicitada duas vezes à Central de Regulação da Secretaria municipal de Saúde. No entanto, nenhuma ambulância chegou ao hospital para transferir Adrielly. “Quem deve apurar porque a ambulância não chegou ao hospital é a Secretaria de Saúde. Esse é um problema administrativo”, completou o delegado.

Adão diz que pediu desligamento
O advogado do neurocirurgião Alex Souza afirmou que o médico já havia pedido desligamento em dezembro. O telegrama em que ele reitera o pedido de demissão foi enviado ao hospital em 31 dezembro — dia em que Adrielly teve morte cerebral. "No período de mais ou menos um ano, ele tem lançado mão de um substituto com a aquiescência tanto dos chefes de emergência do serviço de neurocirugia como da propria direção do hospital", explicou o advogado.

A secretaria Municipal de saúde informou que, apesar das faltas, não demitiu o neurocirurgião por falta de amparo legal. Segundo a secretaria, o estatuto do servidor só permite a exoneração após trinta faltas consecutivas.
Morre a menina Adrielly, que esperou 8 horas por socorro após ser atingida por bala perdida no RJ (Foto: Reprodução Globo News)A menina Adrielly tinha 10 anos (Foto: Reprodução Globo News)

Baleada no Natal
O caso ocorreu na Rua Amália, perto dos morros do Urubu e do Urubuzinho, em Piedade. Ela havia acabado de ganhar seu presente de Natal quando foi atingida por uma bala perdida, segundo o pai Marco Antônio. Eles estavam na rua, no momento em que traficantes dos morros do Urubu e Urubuzinho começaram a soltar fogos e dar tiros para o alto, ainda de acordo com o pai.
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