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USP e Harvard promovem juntas curso de férias de engenharia em SP

G1

Trinta estudantes da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Harvard concluem neste sábado (19) em São Paulo, o curso colaborativo de trabalho em campo "Os desafios globais da produção energética nas próximas décadas". Realizado em parceria pelas duas universidades, com coordenação da Escola Politécnica da USP e da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas de Harvard, o curso de duas semanas teve início em 2010 e acontece uma vez por ano tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. A iniciativa também tem a participação do Centro David Rockefeller de Estudos Latinoamericanos.

A turma de 2013 incluiu 15 estudantes brasileiros e 15 americanos, entre eles John Azubuike, de 21 anos. O aluno de Harvard participou da terceira edição do curso, em janeiro de 2012, realizado em Boston, onde fica a instituição americana. "Embora Harvard tenha muitas coisas boas, eu tinha vontade de ter um pouco mais de trabalho de campo, ter experiência fora da sala de aula, e o programa me deu essa oportunidade", afirmou ele ao G1.

A edição anterior abordou o tema da prevenção e mitigação de desastres. Neste ano, ele decidiu se inscrever de novo e concorrer com cerca de 40 candidatos pelas 15 vagas do curso sobre produção energética, ministrado na Cidade Universitária da USP.

John contou que nasceu na Nigéria e que os dois países estão se desenvolvendo de maneira paralela, com semelhanças e diferenças, daí o seu interesse em vir ao Brasil.

Durante duas semanas, o grupo teve palestras com especialistas e professores das duas instituições, além de fazer visitas a campo que, segundo a professora Mônica Porto, foram divididas em três blocos: tecnológico, de produção e de planejamento. "A gente quer um curso no estilo 'chão de fábrica', para que os alunos vejam os problemas, não fiquem só na sala de aula discutindo o problemas. A gente quer dar a oportunidade de ir a campo discutir com quem está na linha de frente.

Neste ano, as visitas incluíram as usinas de energia nuclear Angra 2 e Angra 3 e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), dois dos pontos altos destacados por Bruno Erlinger, de 23 anos, que em dezembro concluiu a graduação em engenharia ambiental na Poli. "Sempre ouvimos falar das usinas de Angra, da energia nuclear, existe um monte de controvérsias, eu queria ouvir o pessoal que trabalha lá", disse o estudante.



Nesse curso, o aprendizado teórico é uma coisa secundária, esses laços que a gente tem oportunidade de fazer com o pessoal de Harvard, é quando as coisas começam a acontecer"
Bruno Erlinger,
participante do curso

O ONS, responsável por determinar a distribuição de energia no Brasil, também ganhou o interesse dos alunos por causa das notícias recentes sobre os reservatórios de água das usinas hidrelétricas.

Assim, como John, Bruno é um veterano do curso. Ele participou da edição de 2012 em Boston e disse que não titubeou em se inscrever novamente. "Nesse curso, o aprendizado teórico é uma coisa secundária, esses laços que a gente tem oportunidade de fazer com o pessoal de Harvard, é quando as coisas começam a acontecer", afirmou Bruno.

Para John, o curso realizado nos Estados Unidos, como era focado em desastres, privilegiou mais os programas e instituições oficiais do governo. "Nesse ano tivermos uma grande mistura de instituições públicas e privadas, em um espectro muito abrangente."
O grupo de estudantes durante visitas, palestras e em um dia de turismo pelo Centro de São Paulo (Foto: Divulgação/Harvard)O grupo de estudantes durante visitas, palestras e em um dia de turismo pelo Centro de São Paulo
(Foto: Divulgação/Harvard)

Intercâmbio
Mônica é chefe do Departamento de Hidráulica e Ambiental da Poli e uma das coordenadoras do curso, assim como o diretor do Escritório de Harvard no Brasil, Jason Dyett. Os dois explicam que o curso, além de dar créditos para o histórico escolar dos participantes, também proporciona o intercâmbio de ideias, professores, estudantes e esforços.

Jason explicou que o plano de criar um curso colaborativo entre a USP e Harvard começou a ser elaborado há cinco anos, seguindo um modelo já aplicado pela universidade americana à área de saúde pública.
Os professores da USP Mônica Porto e José Rodolfo Martins conversam com o professor assistente de Harvard Chad Vecitis (Foto: Divulgação/Harvard)Os professores da USP Mônica Porto e José
Rodolfo Martins conversam com o professor
assistente de Harvard Chad Vecitis
(Foto: Divulgação/Harvard)

"Há três anos trouxemos pela segunda vez ao Brasil um professor de Harvard. Ele conheceu um professor da USP que, depois, foi para Harvard por um ano. Hoje eles escrevem artigos juntos e já solicitaram juntos um registro de patente", explicou o diretor.

Segundo ele, esse tipo de relação é construída com o tempo e envolve um grande esforço colaborativo. "As academias dos Estados Unidos e do Brasil têm muito espaço para se aproximarem, e isso tem acontecido de modo animador."

Além dos professores, dois estudantes de Harvard já voltaram à USP para fazer intercâmbio, e uma ex-aluna da edição de 2012 se prepara para um estágio em Boston neste ano.

Stephen Lee, de 24 anos, veio ao Hemisfério Sul pela primeira vez graças ao curso. Ele passou parte de suas férias de inverno da universidade estudando e, agora, faz planos de se inscrever para bolsas e retornar ao Brasil durante as férias de verão do Hemisfério Norte, entre junho e agosto, para realizar pesquisas.
As academias dos Estados Unidos e do Brasil têm muito espaço para se aproximarem, e isso tem acontecido de modo animador"
Jason Dyett,
diretor do Escritório de Harvard no Brasil

Lee, que estuda engenharia biomédica em Harvard, diz que se interessa pela área de biologia espacial. "Muitas pessoas passam as férias em casa, sem estudar nada. Se elas soubessem quão valiosa é essa experiência... Acho que é uma ótima forma de aprender."

A professora Mônica afirma que a próxima edição voltará a ser realizada nos Estados Unidos, provavelmente em janeiro de 2014. Apesar de já colher frutos em termos de pesquisa, ela afirma que o curso, por enquanto, tem poucas fontes de financiamento. Harvard paga os custos de seus estudantes e professores. Neste ano, os custos da participação dos brasileiros foi dividido entre os recursos da Escola Politécnica, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNpQ) e de uma das fundações de apoio da USP.
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