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Notícias / Meio Ambiente

Volume do Rio Tietê preocupa população em Mogi das Cruzes

G1

Nos últimos três dias choveu em Mogi das Cruzes , Região Metropolitana de São Paulo, mais do que durante todo o mês de fevereiro de 2012. No ano passado, o acumulado foi de 82,1 milímetros de chuva durante o mês inteiro e, entre sábado (2) e às 7h da manhã desta terça-feira (5) foram registrados 103,6 milímetros de chuva. Com isso, o nível do Rio Tietê subiu e hoje está com três metros. Caso este volume aumente mais um metro e meio, há riscos de transbordamento.

Essa situação preocupa moradores que vivem em bairros às margens do Tietê. Por duas vezes o porteiro Ney Alves do Araújo perdeu todos os móveis de casa. Ele mora há poucos metros da margem, no bairro Ponte Grande, e quando começa a chover forte, conta que a água invade tudo. "Eu fico pensando o que vai ser. Teve uma vez que fui trabalhar e tive que voltar no meio da noite porque estava tudo cheio de água dentro de casa".

A manicure Ana Paula Santos também tem problemas com as enchentes. Ela construiu uma mureta na porta para evitar que a água chegue dentro de casa. "Não saímos quando está bem cheio e não dá para passar. Quando a água abaixa um pouco, que ela escorre, aí a gente sai de bota", diz.

Sujeira
Ao longo dos 20 quilômetros do rio em Mogi das Cruzes é possível notar que há pontos em que se formam bancos de areia e, por isso, a vazão da água fica comprometida. Em outros áreas, ele fica mais estreito por causa da mata ciliar, afeiçoando-se a um córrego. A água é escura, com quase nenhuma correnteza. De acordo com estudos do Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê Cabeceiras, 60% do esgoto de Mogi das Cruzes são jogados sem tratamento no Rio Tietê. Além dessa poluição, muitos moradores jogam lixo, terra e entulho dentro dele. No final da Rua Senday, também na Ponte Grande, é possível notar o acúmulo de entulhos. Segundo moradores da via, pessoas de outros bairros que depositam o lixo no local.

Outro problema encontrado são casas no meio do leito do Tietê. No final da Rua João José Costa Neves só é possível ver uma placa de saída de veículos, pois a casa está escondida no meio da vegetação. Na mesma rua, outro problema foi identificado. Uma casa antiga está abaixo do nível da via, isso em razão do aterramento ao longo dos anos.

Limpeza
O último trabalho de desassoreamento foi em 1998. Na ocasião, foram retiradas 300 toneladas de terra, vegetação e lixo do leito. Quinze anos depois é visível que o trecho de Mogi das Cruzes precisa novamente destes serviços.

Para os moradores, a saída para todos os problemas é a limpeza do Tietê. A estimativa do Subcomitê é que existam aproximadamente 180 toneladas de sedimentos no trecho do rio somente em Mogi. Um estudo já foi realizado na região e apresentado à Secretaria de Recursos Hídricos do Estado. "Nós fizemos um pedido ao Estado, através do secretário estadual de Recursos Hídricos, para que ele fizesse o desassoreamento do rio Tietê. Ele imediatamente autorizou que o Departamento de Águas e Energia Elétrica fizesse um trabalho chamado batimetria. Isso é a medição da quantidade de sedimentos acumulados no leito do rio. Esse trabalho terminou no final do ano passado. Estamos esperando passar o carnaval para cobrar a execução desta batimetria", diz o presidente do Subcomitê José Arraes.

Outras cidades da região como Suzano também pedem o desassoreamento até a Capital, mas os investimentos para o trabalho tem de vir do Governo do Estado.

Resposta
O Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) afirmou que faz estudos em dezoito quilômetros do Rio Tietê, em Mogi, para propor novos trabalhos de limpeza. O órgão informou ainda que, em 2008, fez o desassoreamento em um trecho de quase três quilômetros no município.

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