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Notícias / Copa 2014

Copa 2014 não sairá no tempo que a Fifa quer, diz Del Nero

Folha de S. Paulo

Aos 71 anos, o advogado Marco Polo del Nero é presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e representante brasileiro do Comitê-Executivo da Fifa. Na prática, é tido como o homem forte do futebol brasileiro, com trânsito livre com o presidente da CBF, José Maria Marin. Em 2014, às vésperas da Copa, haverá eleições para a presidência da CBF, e Del Nero é o principal candidato.

Em uma entrevista à Folha de São Paulo, ele falou sobre atraso nas obras da Copa, a ameaça dos elefantes brancos, a opção por Luiz Felipe Scolari e ainda, a influência da TV no Paulista. Sobre elefantes brancos, Del Nero sugeriu a transformação em arenas multi uso. Esse é o projeto da Arena Pantanal, em Cuiabá.

Del Nero também respondeu sobre a investigação da Polícia Federal que resultou na busca e apreensão de documentos em sua casa, em novembro: "Era uma namorada. Você tem que saber onde está pisando".
Confira a entrevista à Folha de São Paulo

Folha - Há muita corrupção no futebol?
O ser humano é passível de corrupção. Tanto FPF como CBF criaram mecanismo para coibi-la, especialmente na arbitragem. Investimos em psicólogo, corregedoria e ouvidoria. Nos últimos dez anos, a arbitragem melhorou muito no âmbito nacional.

Por que o Campeonato Paulista continua existindo?
A cada ano que passa nosso patrocinador de TV, que é a Globo, nos paga mais. Se paga mais, é porque o mercado propicia. Deve ser um bom campeonato, não?

Os clubes grandes não reclamam do Paulista?
Pelo contrário, gostam muito do dinheiro que o torneio paga. É um valor quase igual ao Brasileiro e quase o dobro da Libertadores.

Você se enxerga como futuro presidente da CBF?
Se tivermos apoio... Temos apoio político de todas federações. Mas o processo eleitoral ainda não foi deflagrado.

Estamos a menos de 500 dias da Copa. Quais as expectativas?
A safra de jogadores é muito boa. A CBF está fazendo sua parte, ao contratar duas pessoas com capacidade moral e técnica, que são o [Carlos Alberto] Parreira e o [Luiz Felipe Scolari] Felipão, dois ex-campeões do mundo. Eles têm de trazer essa Copa.

Qual a diferença entre Marin e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF?
A diferença do Marin para o Ricardo é que o Ricardo não sorri e ele [Marin] sorri bastante. Ricardo parece durão, mas na intimidade é o oposto.

Você foi intimado a depor na PF recentemente.
Isso nada tem a ver com futebol ou com meu escritório de advocacia. É um caso pessoal no qual contratei um detetive. Era uma namorada que eu precisava saber mais detalhes da vida. Você tem que saber onde está pisando.

Qual a imagem do Brasil na perspectiva da Fifa?
Eles cobram bastante, pesado e com razão. Querem estádios e entornos prontos e entregues no prazo. Acho que tudo vai acontecer a tempo --não no tempo que a Fifa quer. As coisas, às vezes, atrasam.

Corremos riscos de criar elefantes brancos no país?
Corremos. Não podemos fugir a essa realidade. Manaus é um estádio que pode se tornar elefante branco. Mas temos um conserto, que seria o governo fazer aportes nos campeonatos de lá. Outro aspecto, transformar o estádio para outros eventos. Todos serão multiúso. Com menos jogos de futebol, mas abrigando grandes shows.

Não haveria conflito de interesse em manter uma sociedade com o deputado federal Vicente Candido, relator geral da Lei da Copa?
Existiria conflito de interesse entre eu ser conselheiro do Palmeiras e presidente da FPF? Não. No nosso escritório não atendemos clientes do universo da FPF ou da CBF.

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